domingo, 13 de fevereiro de 2011

Crônicas da Minha Vida (209): Blog Finale

Hoje eu acordei com dois pensamentos: (a) Em nome dos cuecões folgados do meu tio Mauro! Eu me esqueci do trabalho de História Social da Amazônia! e (b) Está na hora de escrever o meu discurso de duas mil crônicas. Enquanto eu, um tanto sonolento, fazia o trabalho as pressas, não pude evitar me lembrar da primeiríssima crônica, a que deu início a tudo isso:

P: Você sabe qual é a opinião do Gasparzinho aqui em relação à menina-problema, né?
F: Você sabe que eu vou passar por cima da tua opinião e correr atrás dela de qualquer jeito, né?
P: Estranho seria se não passasse.
F: Amém, irmão!

Isso foi há, exatamente, dois anos. Naquela época, eu — um Felipe-de-19-anos — nunca imaginaria que o blog sobreviveria tanto tempo e tampouco que eu participaria de tantos acontecimentos, muitos, parcialmente, registrados nesse diário eletrônico e outros que eu nunca poderei registrar em outro lugar senão a minha mente como, por exemplo, esse episódio aqui:

F: Você ama torturar o [seu namorado], não é?
Ba: Eu amo! Me mantém jovem.
F: Por que você nunca me torturou?
Ba: Porque você era aquele Felipe, todo ingênuo e inocente, alguém tinha que te ensinar a andar nesse mundo de leões.
F: Obrigado por isso, por ter sido a minha professora.
Ba: Sem problema. Eu tive ajuda. Muita ajuda.
F: Tem algo que eu possa fazer para retribuir o favor?
Ba: Diga para o [meu namorado] pôr desodorante antes de ir à academia. Ele te escuta.
F: OK.

Quem conhece a garota da crônica sabe muito bem que ela saltará no meu pescoço assim que acessar o blog e ler isso, mas, ei, não há porque se preocupar, afinal, a menina-demônio, curiosa do jeito que é, continuará lendo esse texto e terá toda a sua fúria convertida em tristeza e nostalgia, pois descobrirá que, depois de um pouco mais de duas mil crônicas, eu encerrarei as atividades do Crônicas da Minha Vida. É uma pena, afinal, ao encerrá-lo, eu nunca poderei publicar, devidamente, essa crônica:

F: (aponta para uma menina) Aquela menina estudou comigo.
P(p): Ela é minha amiga.
F: Ela tem um cara de bêbada. Por sinal, esse é o apelido dela, Cara-de-Bêbada. [Prima], qual é o nome dela? É errado eu ficar chamando ela assim.
P(p): Eu não sei. Eu só chamo ela de “amiga”.
F: Boa amiga.

E sim, eu sei. Ninguém se importa. Ninguém dá a mínima para o encerramento do blog, ninguém além de mim — eu considero esse dia como sendo especial, mas para qualquer outra pessoa, é apenas um dia como outro qualquer. Tudo bem. Eu sabia desde o começo que o final não seria como o de uma série de televisão, não terminaria comigo saindo da sala, desligando a luz e os créditos subindo, essa é a vida real e nela nada é tão glamoroso assim. Eu entendo nem tudo acontece do jeito que você quer. Eu entendo.

O problema é que eu tenho uma imaginação muito fértil. Vocês sabem disso. Então, o que acontece? Eu imagino um sem-número de fins, cada um mais épico que o outro, por conta disso, a realidade nunca consegue superar as minhas expectativas e assim eu acabo ficando desapontado.

Honestamente, eu nem sei direito porque isso tem tanta importância para mim, digo, o modo como encerrar esse blog. Talvez seja porque todo mundo — ele, ela e até mesmo eu e você — queira acreditar que tudo o que fazemos é de suma importância para os outros, que as pessoas se penduram em cada singela palavra proferida por nós e vivem a se perguntar o que pensamos delas quando, na realidade, você deveria se considerar um sujeito de muita sorte se conseguir com que alguém, qualquer um, escute de verdade o que você tem a dizer.

Então, pessoas, por favor, prestem atenção no que eu tenho a dizer agora: eu não poderia ter construído tudo isso sozinho. Não, eu sei. Eu não sou um super-homem. Obrigado.

E é isso, pessoal. Divirtam-se com as últimas Crônicas da Minha Vida e se alguém tiver o interesse de ler os meus textos, acompanhem-me no outro blog, Nobody's Thoughts.




.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (209) :.

2000.
P: Mano, tenho uma consideração a fazer a você. Mano, presta atenção no que eu vou dizer agora. Mano, eu espero que seja um caminho que se encerre a você mesmo, definitivamente, que você possa encarar as coisas daqui para frente de um jeito diferente, se quer encarar como um filme, pois que seja, mas que seja um filme diferente e não mais uma comédia adolescente como às vezes me parece que você quer que seja a sua vida, o tempo é cruel e passa a todos, e todos nós sofremos consequências dos atos deles, se pretende continuar a encarar sua vida como um filme, que seja de um gênero diferente, algo diferente, está na hora de crescer, está na hora de Peter Pan crescer, não dá mais para ficar nisso, mano, estagnou, você já sentiu isso há muito tempo, estava para te falar já há uns tempos isso, mas como te falei; esse ano novo [eu] pretendo não me meter tanto na vida dos outros, e estou mantendo essa promessa, por isso esperei você se tocar disso, mas daqui para a frente, vida nova, mano, o passado morreu e está enterrado, eu sinceramente espero que não somente os seus textos evoluam, mas como sua cabeça e a sua forma de encarar as coisas, como disse anteriormente, Peter Pan, está na hora de crescer e é já! Parabéns por você ter concluído esse projeto, que muitos outros vitoriosos venham e que a sua mente evolua cada vez mais, que as portas da percepção se abram a você toda vez que algo parecer óbvio demais!
F: Sim, mano, é isso que eu farei, não aguento mais ficar no mesmo ponto e ver tudo se distanciando, o passado está morto, o que importa é o que vier daqui para frente e, sinceramente, você está ciente de que esse discurso aí será a crônica de número 2000, certo?

1999.
F: Para que existem camisinhas de morango, de laranja, de uva, etc, etc? Não dá para a menina sentir o gosto!
T: (sabiamente) Para combinar com a música.

1998.
CW: Confesso que queria apagar a minha [tatuagem de estrela], mas daria mais trabalho. Queria ficar sem nenhuma.
F: Pensei que só tivesse uma.
CW: Só tenho uma.
F: Ah, sim.
CW: Mas não acho que tenha a ver comigo hoje... Queria apagar.
F: O interessante das estrelas é que o brilha delas começa pequeno, mas é eterno.

1997.
Re: O [censurado] disse para eu tomar MUITO cuidado com você.
F: Ele está certo, é melhor você tomar MUITO cuidado comigo.
Re: (risos) Por quê?
F: Por três motivos: (um) eu sou MUITO carismático, (dois) eu sou MUITO esperto, (três) eu não vou poupar esforços para entrar nas suas calças, e (quatro) eu não tenho medo de trapacear.
Re: Você disse quatro coisas.
F: Viu? Já trapaceei e eu ainda estou começando a dar em cima de você (piscadela).

1996.
Bruxo de Fogo: (falando da menina que gosta dele e mora longe) Sabe, cara, eu não acredito na [censurado]. Em nada. Nada mesmo. Não acredito nem em mim, rapaz, mas... Eu queria que fosse assim como ela disse que seria, sabe? Seria legal... Um pouco chato. Mas acho que se depois que eu a encontrasse e subissem os créditos... Seria bem maneiro.
F: Bem, as coisas não são do jeito que vocês querem, então... Ou aceite isso, ou faça algo para torná-las do jeito que vocês querem. Exceto a parte dos créditos.
Bruxo de Fogo: (risos) Só que eu acreditando que isso daria certo, apesar de gostar da ideia, eu estaria regredindo na minha mudança.
F: Não sei, Bruxo.
Bruxo de Fogo: (pasmo) Não sabe?!
F: É, não sei.
Bruxo de Fogo: Você SEMPRE sabe, meu amigo.
F: Porque, veja bem, como o filósofo Jagger certa vez disse, You might not always get what you want, but if you try hard enought, you might get what you need. Não sei se seria um retrocesso você tentar fazer com isso [o seu relacionamento à distância] dê certo.
Bruxo de Fogo: Faz sentido. Mas no meu caso, pareceria que eu estaria tentando transformar a minha vida em um filme... E no nosso caso [meu e da menina], um anime.
F: A vida não é sua? Quem se importa se você quer fazer dela um filme, um livro, uma peça de teatro, um comercial da Coca-Cola? É a sua decisão, ora.

1995.
Fa(i): Era muito legal ir pra casa da tia [censurado], nem precisava ir à praia, a gente ficava na piscina mesmo. Lembra quando o [primo(V)] me empurrou?
F: O [primo(V)] não te empurrou na casa da tia [censurado], mas no sítio do [censurado]², o tio dele.
Fa(i): Não, foi na casa da tia [censurado]. O [primo(V)] me empurrou e o [primo(L)] me salvou.
F: Não, [irmãzinha bochechuda], foi no sítio do [censurado]², o [primo(V)] te empurrou na piscina porque não sabia que você não sabia nadar, daí eu tentei te salvar, mas como era gordo, não consegui, então o [primo(L)] foi mais esperto, saltou perto de você na piscina e te salvou.
Fa(i): (sarcástica) Tá, Felipe, a coisa aconteceu COMIGO, mas você é quem lembra certo.
R(p): (saindo do banho).
F: Meu primo, venha cá.
R(p): (entra no quarto) O que é?
F: Onde foi que o [primo(V)] empurrou a [minha irmãzinha bochechuda] na piscina? Casa da tia [censurado] ou no sítio do [censurado]²?
R(p): Foi no sítio do [censurado]².
F: (pega o violão e começa a cantar) Fooooooooooooooi noooooooooo sítiooooooooo!
Fa(i): (ódio mortal).

1994.
Mamãe: Você precisa aprender a ter limites.
F: É, eu SEMPRE tive um problema com isso.

1993.
Co: Você é tripolar...
F: (interrompendo) Eu odeio quando você inventa de me analisar, por Cristo, você faz Direito, mulher!
Co: (continuando)... Tem três lados: o bom, o mau, e o safado.
F: Supimpa. E qual desses três lados você quer como sendo o seu padrinho [de casamento]?
Co: Qualquer um, o importante é ser você.

1992.
F: E a [censurado]?
Lu: Está rindo de mim.
F: Ah, normal. Mas qual o motivo? O que você fez?
Lu: Comecei a gritar porque tinha uma Twitcam de sapatão fodendo.
F: (indignado) E você NÃO me avisou? Friendship over, friendship over!

1991.
F: Me diz uma coisa, há alguma diferença em relação ao afeto quando uma menina diz “beigos” ao invés de “beijos”?
Ju: No afeto, acho que não, mas na alfabetização...