terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Crônicas da Minha Vida (196) + Devaneio



.: DEVANEIO :.


— Pronto. Nós já podemos ir.
— Você pode me explicar uma coisinha antes?
— Aham.
— O que em nome dos bigodões da minha tia Nice, que Deus a tenha, você está vestindo?
— Uma roupa de sair, né.
— Mano, nós estamos indo para um casamento! Vai, vai, troque logo isso pelo seu terno.
— Eu não tenho um terno.
— Que homem adulto NÃO tem um terno?
Matthew McCounaughey.
— OK, golpe baixo. Matthew McCounaughey não tem nem uma camisa.
— Passou Surfer, Dude de novo ontem.
— Um filme, simplesmente, sensacional. Eu fiquei, completamente, encantado com a Alexie Gilmore, mas não esse não é o filme de hoje! Eu não serei o McCounaghey e você não será o Woody Harrelson!
— Por que eu seria o Woody Harrelson?
— Porque eu quando você inventou de trabalhar com apostas, eu aceitei ser o Stephen Graham do seu Jason Statham. E nós não conseguimos nenhum diamante!
— É, aquilo foi mesmo um descarrilamento de trem. Desculpa por isso, mano.
— Tudo bem, mano, o que passou, passou. Hoje à noite eu serei o Owen Wilson e você será o Vince Vaughn. Não, peraí, isso está errado. Qual é o que fica com a linda da Isla Fisher no final?
— Vince Vaughn.
— Então eu serei o Vince Vaughn.
— Acho que você é muito magrinho para ser o Vince Vaughn.
— E você não tem os cabelos loiros do Owen Wilson, mas não é como se a gente fosse tentar reencenar o filme, não é, mano! Até porque aquilo não é real: nenhum artista viadão é tão puto da vida e recluso como o Keir O’Donnel naquele filme.
— Nem o Oscar Wilde?
— Nem o Oscar Wilde. Depois dê uma lida no De Profundis, verá que ele era um viadão borboleta saltitante. ... Não que aja algo de errado com isso...!
— Não, não mesmo. É a escolha de cada um.
— Exato. O importante é ser feliz. O que você faz na cama e com quem faz não é importante.
— Falando nisso, mano, nem te contei! Fiquei com a Ariadne ontem!
— Mano, não brinque com coisa séria, por favor. Brinque com a morte de um parente, mas não com esse tipo de coisa.
— É sério, pô. Não estou brincando.
— Prove.
— Eu juro em nome de John “O Cara” McClane que eu não estou mentindo.
— Tudo bem. Eu acredito em você. Conte-me os detalhes.
— Não estamos atrasados demais para isso?
— Pularemos a cerimônia na igreja e iremos direto para a recepção, qualquer coisa é só falar que foi uma linda cerimônia e que eles são perfeitos um para o outro se alguém perguntar. Coisa simples. Enfim. Ariadne. Conte.
— Mano, ela é muito mais vadia do que falam por aí!
— Eu sabia que os rumores não faziam jus a ela!
— Não fazem MESMO! Mano, você não tem ideia! Ela me fez ir a Marte e voltar!
— Isso é tão You Shook Me All Night Long da parte dela.
— Eu me senti mesmo que nem o Brian Johnson!
— Eu fico feliz por você, mano. E, honestamente, eu espero que você reparta um pouco dessa sorte comigo hoje — as amigas da Raquel são LINDAS. Você não tem ideia!
— Tem interesse em uma delas em particular?
— Aham. Bia. Ela é tão LINDA de MORRER que, sério, eu me sinto vivendo em uma música do Guns ‘n’ Roses.
— Guns ‘n’ Roses? Ela deve ser uma Vênus da vida para você colocar de lado a sua birra com o Axl Rose.
— Linda o bastante para eu fazer as pazes com Axl, entretanto não com o Hugh Jackman.
— Com quem foi mesmo que você assistiu Austrália? Foi com a Cecília, não foi?
— Foi. Muito obrigado, mano, por me lembrar dessa menina quando faltam apenas uns instantes para a gente sair para papear as mulheres desesperadas e então com elas fazer safadezas. Sério, muito obrigado. Lembrar-me dessa menina realmente colocou a minha autoconfiança lá em cima.
— Você está sendo irônico.
— Tão irônico que se você abrir o dicionário encontrará uma foto minha com um sorriso bobalhão ao lado da palavra “ironia”.
— Por que você não tenta falar com ela?
— Eu tentei. Quatro vezes. Você sabe disso.
— Eu só contei três!
— É porque a quarta foi anteontem. Desculpa não ter te contado, eu estava com a cabeça cheia.
— Tudo bem, conte-me agora. Como foi?
— Eu me senti como o Brad Pitt no início de A Mexicana.
— Você bateu no carro dela?
— Avance um pouquinho o enredo. Pare na parte da janela.
— Ela atirou as suas tralhas pela janela?
— As minhas, não. Porque, veja bem, eu não tenho tralhas na casa dela.
— Então que tralhas ela jogou?
— As delas.
— Ela jogou as tralhas dela em você?
— Ela jogou as tralhas dela em mim.
— Uau! Ela ainda está muito puta da vida.
Rocky Balboa preferiria outra rodada com o Drago ao invés de ir falar com ela.
— Não conte para ninguém, mano, mas eu chorei quando o Apollo morreu.
— Eu também, mano. Foi um momento decisivo em minha infância. Foi nesse momento em que eu descobri uma das verdades incontestáveis dos filmes de Hollywood.
— Qual?
— Se você é negro, e não é o Morgan Freeman, certamente se dará mal em algum momento do filme.
— Mas o Morgan Freeman morreu em Red! Isso é se dar mal. Muito mal.
— OK, troque o Morgan Freeman pelo Samuel L. Jackson.
— Ele se deu mal em Star Wars: Revenge of the Sith e em Jackie Brown.
Wesley Snipes?
— Levou o destempero em O Demolidor e em Chaos.
Denzel Washington?
— Transformado em peneiras pelos russos em Dia de Treinamento.
Jason Nelson Robards, Jr.?
— Ser negro de pulmão não é ser negro de verdade.
— OK, se você é negro, certamente se dará mal em algum momento do filme. Que horas são?
— Quase nove horas.
— Deve estar no meio da cerimônia. Qual dos nossos amigos mora mais perto daqui?
— O Yan.
— Será se ele tem um terno para emprestar?
— Não posso mesmo ir assim?
— Mano, os garçons estarão mais bem-vestidos do que você.
— É, então não tem jeito.
— Não, não tem. Prepare a sua paciência, mano, porque convencer aquele indivíduo a te emprestar o terno que nem os dois álbuns da Ashlee Simpson: maçantes.
— Ashlee Simpson tem três álbuns.
— Impossível.
Autobiography, I Am Me e...
— Avante, homem! Nós temos um terno para buscar!


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (196) :.

1870.
F: Preciso voltar a escrever o meu livro.
PV: Preciso recuperar [a] minha motivação.
F: OK, temos um paladino (eu) e um arqueiro (você), nós precisamos de um mago e de um gatuno para iniciarmos nossa jornada [para encontrar o que estamos precisando].

1869.
F: PARA TUDO! [Ex-namorada] ME LIGANDO!
PV: Vá lá [atendê-la]. E [você] pareceu um travesti falando isso.

1868.
CW: Tem um dia que ela [Laura Palmer] resolve fazer uma lista só com as iniciais de quem já dormiu. Dá umas quatro páginas do diário.
F: E a cidade só tem 288 habitantes.
CW: (risos) Para você ver!

1867.
CW: Você já leu O Diário Secreto de Laura Palmer?
F: Não.
CW: Deus! Muito louco...
F: Laura Palmer... Envolve um assassinato?
CW: Sim. Ela morre misteriosamente e deixa o diário. A menina parecia um anjo, mas no diário tá a capeta que ela é.
F: Nome do pai dela era Leland?
CW: Ah, esses detalhes eu não lembro. Só lembro que ela tinha uma amiga chamada Donna, ou Dona.
F: (ocorre um estalo em minha mente) Donna Hayward. Ela era até filha de um médico. E a Laura foi rainha do baile. Usava cocaína, trabalhava em um bordel e outras coisas.
CW: Então como não leu, caralho?
F: Eu não li, mas assisti: http://en.wikipedia.org/wiki/Twin_Peaks.

1866.
CW: (risos) Até em sonho você é engraçado.
F: É porque eu fui criado pelo melhor comediante de todos os tempos. Vovô ficaria decepcionado comigo se eu não fosse bem-humorado e, caramba, quando um homem que incendiou o próprio short fica decepcionado com você, você sabe que alcançou o fundo do poço.
CW: Incendiou o short?
F: Incendiou o short. Vovô era fumante, daí todos nós o vigiávamos, principalmente eu e o [censurado], meu primo. Daí certa vez ele estava fumando na escada e escutou a gente chegando, ele ficou desesperado, não encontrou um lugar para esconder o cigarro e o enfiou no bolso do short... ACESO.
CW: (muitos risos).
F: O mais engraçados é que uma das lições que ele me ensinou foi “Sempre tenha um cigarro sobressalente no bolso”, eu só não esperava que fosse tão literal.
CW: (convulsões de risos) Meu Deus! Tô rindo muito!

1865.
F: Falando em Deus... Tive um sonho bizarro em que eu tinha uma conversa com Ele.
CW: (risos).
F: Foi muito estranho! Eu estava no topo de um morro, daí Ele, na pele do Morgan Freeman, se sentava ao meu lado e vinha conversar comigo.
CW: (interrompendo) Tá vendo filme demais, você.
F: Ei, é um fato: Deus é Morgan Freeman e o diabo é Al Pacino. (continuando) Parte mais estranha do sonho é que Ele fez um comentário acerca dos seus planos pós-Apocalipse. Ele pretendia fazer um mundo onde os marsupiais seriam a espécie predominante e nós, seres humanos, estaríamos em um nível mais baixo da cadeia alimentar. Fiquei — nas palavras dos nordestinos — cabreiro.
CW: (convulsões de risos) Marsupiais (mais risos)!

1864.
F: Lembre-me de contar qualquer outro dia sobre como me prenderam dentro de uma canoa virada para baixo, isso certamente te fará morrer de rir (piscadela).
CW: Sério isso?
F: Sério, sério. É uma longa história que envolve eu, um marcador permanente e a cabeça careca do pai da [censurado]. Sorte minha que o “seu” [censurado]² é gente boa e só me prendeu na canoa por meia hora.
CW: (risos) Meu Deus! Só isso? Que bonzinho!
F: Sim, muito bonzinho. Ele fazia luta greco-romana quando era jovem, é grandalhão e, na época, eu era um palito de quinze anos: ele poderia ter me partido em dois com um espirro.
CW: (risos) Você gosta de um perigo, hein!

1863.
F: Que tipo de criatura se embebeda com Blue Label em uma segunda-feira e liga para outro para contar do feito?
CW: (risos) Quem é a figura?
F: Um amigo meu, o [censurado]. Eu já te falei dele.
CW: Não me lembro dele.
F: É o que correu atrás de mim com um cabo de vassoura para enfiar no meu reto depois de ter me descoberto no quarto com a irmãzinha safadinha dele instantes após eu e ela termos terminado de fazer safadezas.
CW: (convulsões de risos).

1862.
F: E o que você fará ano que vem? Continuará tentando estudar em casa, ou entrará no tédio que é o cursinho? Isso, é claro, se você não passar.
CW: Se não passar — o que é meio óbvio — vou ter que ir pro cursinho.
F: Pobre de ti.
CW: Tenho medo do cursinho. Não sei se aguento contato humano por tanto tempo.
F: Um ano em uma sala cheia de... Pessoas. Preferia gongolos?
CW: Porra, Felipe, não fala isso.
F: Ah, é, o animal é místico, é que nem o Beetlejuice: se falar o nome, ele aparece (risos).

1861.
CW: Quer pastel de queijo? Tô comendo de novo.
F: Quero sim. Mande por SEDEX, chegará aqui amanhã.
CW: Ficou bom. Mamis que fez. SEDEX é muito caro. Vou mandar por entrega normal.
F: Se for por PAC, o carteiro comerá o pastel de queijo e, para sacanear, entregará um bilhetezinho dizendo “Perdeu, prayboy”.
CW: (muitos risos).


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