sábado, 11 de dezembro de 2010

Crônicas da Minha Vida (195) + Devaneio + Post Scriptum



.: DEVANEIO :.

— Ei, o que você está fazendo parado aí, hein? Não está escutando a sirene.
— Mas é claro que eu estou escutando a sirene. Não tem como NÃO escutar a sirene, quer dizer, escute só essa barulheira toda! Eu estou pasmo que aqueles chatos dos neurônios ainda não vieram reclamar.
— É hora de ir, apresse-se. O seu esquadrão está a ponto de sair. Só falta você.

— Pois então, sobre isso... É... Bem... Ah... Eu não vou.
— Desculpe, eu acho que não escutei direito. O que você disse?

— Eu não vou.
— Você não vai?

— É. Eu não vou.
— Posso saber qual é o porquê dessa revolta?

— Ora, você sabe muito bem o porquê — as histórias!
— As histórias são justamente isso: histórias. Deixe de besteira, vá logo se juntar ao seu esquadrão, eles estão a ponto de bala.
— Não mesmo! Não há força no mundo que me faça sair. Eu vou ficar aqui. Sim, sim.
— Mesmo que você não saía agora — o que não vai acontecer, pois você sairá —, será, simplesmente, apontado para outro esquadrão e terá que sair com ele mais tarde.
— Eu fujo. Eu me escondo. Eu dou um jeito de não ir com esquadrão algum.

— Você morrerá em três dias e será reciclado, é isso que você quer?

— Eu prefiro! Eu juro que prefiro!

— Se o Mestre houvesse entrado em contato com radiação, eu até que entenderia essas suas sandices, mas como não é o caso, tenho que perguntar: o que, possivelmente, te faz temer tanto a saída ao ponto de preferir morrer e ser reciclado?

— A incerteza. Aqui eu sei o que acontecerá comigo. Lá fora, não.
— Mas como não? Você SABE o que acontecerá! TODO MUNDO SABE! Pelo amor dos cuecões folgados do tio do Mestre! NÓS nascemos SABENDO, exatamente, o que acontecerá!
— Aí é que você se engana, meu amigo! NÓS nascemos PENSANDO que SABEMOS, exatamente, o que acontecerá! A realidade não é tão certa assim.

— Ora, pare de besteiras! As histórias são apenas histórias. Não deveria levá-las tão a sério.

— Oh, mas eu levo! É como você mesmo falou: o Mestre não entrou em contato com radiação, ele é saudável, nenhum de nós é lesado, então por que alguém inventaria histórias do tipo? Não faz sentido se não for verdade! TEM QUE SER!
— Isso é besteira. Olhe, escute só, eu vou dizer o que acontecerá daqui a pouco: o Mestre dará a ordem para nós sairmos, nós sairemos, então nadaremos contra a maré, daí encontraremos o óvulo, em seguida lutaremos contra a sua barreira e um de nós, que pode ser VOCÊ, conseguirá penetrá-lo. É só isso que poderá acontecer. É certo. Não tem nenhuma incerteza aí.

— Mas é claro que tem! E se o Mestre não estiver dentro dela no lugar certo? E se ela me engolir, hein? E se o Mestre estiver usando camisinha? Eu não quero ser jogado fora que nem um copo de plástico! Ou pior! E se o Mestre estiver se masturbando? Eu posso ir parar no teto! Não, não quero ir! Não vou, não.
— Eu vou dar uma mudada na abordagem... Trabalhemos com uma hipótese: digamos que (a) há um destino, (b) por conta desse destino, essa será a última ejaculação do Mestre, e (c) você é o espermatozoide destinado a fecundar o óvulo e então virar o filho do Mestre, o Mestrezinho. Veja bem, se você não sair; o óvulo não será fecundado e o Mestre nunca terá o Mestrezinho, porque daqui a alguns momentos ele sofrerá um acidente envolvendo uma ex-namorada ciumenta e meio que bastante psicopata que irá cortar o saco escrotal dele, efetivamente, impedindo-o de ter filhos.

— Uau, isso é catastrófico!

— Sim, isso é muito catastrófico. Diga-me, meu amigo, você conseguiria viver os seus últimos instantes de vida com o peso dessa culpa? Por causa de VOCÊ, meu amigo, o Mestre não passará adiante o seu código genético, ele nunca poderá experimentar a felicidade que é a de ver o nascimento do próprio filho, todos os bons e maus momentos da paternidade serão negados ao Mestre por SUA culpa. Falando sério, você quer viver com esse peso na consciência? Com esse sentimento de culpa consumindo-o por dentro? Hein, hein, hein?
— Bem, pondo desse jeito...
— Sentiu essa tremedeira? É o Mestre! Ele não está aguentando mais, ejaculará a qualquer instante. Você está certo de que não quer estar junto do seu esquadrão?
— Eu deveria sair com eles, não é?

— É. Você deveria.
— Certo. Eu vou lá com eles. Alguma dica de última hora?
— Esqueça tudo o que você aprendeu sobre fraternidade, porque quando há uma vagina envolvida, é cada um por si. Boa sorte!


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (195) :.

1860
.

CW: Tem um garoto que vive me esculhambando no Twitter e me visitando no Orkut também. Vai entender.
F: Menino criado com vó, quer chamar sua atenção e só consegue assim.

CW: Ele me odeia porque é do PSOL, and I hate PSOL.
F: (irônico) Eu nunca teria adivinhado isso. Principalmente depois de ter comentando
aquilo do Capitão Nascimento.
CW: Agora vamos aos fatos óbvios. Ah, Felipe, antes dos fatos óbvios, tenho que admitir que a sua ironia me agrada.
F: É uma ironia agradável. Feliz em saber disso. Mas por que está admitindo isso justo agora?

CW: Por causa do lance do Capitão Nascimento (risos).
F: E eu crente que havia todo um significado cósmico por trás dessa admissão justo agora (risos).


1859.
CW: (mandando emoticons do novo MSN). Apareceu?
F: Não, não. Não apareceu nadinha de nada.

CW: Que estranho. Coisas do cão.
F: É porque eu me livrei desse MSN “maledeto” (imaginar essa palavra com o sotaque italiano do Brad Pitt [em Bastardos Inglórios], por favor). Estou usando o antigo, o de 2009.
CW: Ah, por que não disse antes? Puta que parica. Eu que nem otária mandando emoticons.

F: E eu aqui, rindo disso (risos).


1858
.

CW: Tua irmã tem Tumblr?

F: Tem, tem.
CW: E por que você não pergunta para ela como se fuça lá?

F: Porque se eu pedir para ela me ajudar, ela pedirá algo em troca e eu gosto muito da minha alma para trocá-la por uma ajudazinha no Tumblr. Embaixo daquelas bochechas de fofão, há uma mercenária implacável.

CW: Isso tudo para não dar nada em troca pra guria. Você é “du” mal. Se quiser uma ajudazinha básica lá, eu sou burra, mas sei como lidar.

F: Muito bem, o dia em que você me pedir para fazer um Tumblr e eu tiver uma ideia do que colocar lá, pedirei ajuda para você. E, puxa, ela que é uma mercenária implacável e eu que sou do mal? Mas que coisa, hein!

CW: (risos).


1857
.

CW: Olha que imagem bonitinha: (mostra a imagem).

F: Bonitinha mesmo. Quem são?
CW: Não faço a menor ideia.
F: Vindo de você, eu, sinceramente, imaginei que fosse algo relacionado aos Beatles.

1856
.

F: Tá aí uma série divertidazinha: Glee.
CW: Muito clichê e forçada. Acho chata para caralho.

F: Estamos, supostamente, no ano de 5771 depois da Criação: tá difícil encontrar algo puramente original.
CW: Puramente original não vai mesmo, mas não é por isso que eu vou achar qualquer merda boa e não clichê. É clichê, ora. O tema é clichê. O colégio é clichê. Os casais clichês.

F: Ah, diga logo que Glee = clipes da Katy Perry.
CW: Depende do clipe. Qual clipe dela cê tá falando? Porque tem uns bons sim.

F: Aquele em que ela fica trocando mensagens com um moleque pela janela.

CW: Katy Perry trocando mensagens com um moleque pela janela? Algo me diz que você está falando da
Taylor Swift em You Belong With Me.
F: Pior, pior! Falha minha!

1855
.

CW: Ela [sua amiga] já viu algum disco voador lá [em Varginha - MG]?
F: Apenas quando os priminhos dela estão jogando frisbee.

1854.
CW: Olha o que me mandaram na Caixa da Verdade [do Orkut]: “Queria ser o Bob Esponja. Sabe por quê? Só para morar na fenda do seu biquíni. Muito gata”.
F: Cantada de pedreiro que assiste TV Globinho! Sensacional!

CW: (muitos risos).


1853.
CW: (mostra uma foto) Avril Lavigne ridícula. Não tá vendo que esse sapato te deixa menor, jumenta? E que essas luzes são megamente passadas.
F: Avril Lavigne tá horrível mesmo. Caramba, ela não é feiosinha assim. Ela é linda, por Cristo! Eu ponho a culpa no fotógrafo.

CW: Culpa dela não saber se vestir, se arrumar, dá nisso.

F: É o estilo dela, pô.
Menina-punk-empolgada-que-fez-sucesso-e-foi-para-o-Lado-Meio-Puta-da-Força. É só andar pela cidade e você encontrará várias [meninas] como ela.
CW: (risos) Punkada na cabeça.

F: Égua, essa piada foi tão ruim que eu TIVE de rir (convulsões de risos).

1852
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CW: Arte não se corrige.
F: Isso me fez lembrar aquelas pessoas que veem a chamada Arte Moderna e dizem: “Minha filha de dois anos poderia fazer isso”.

CW: É, mas não fez.
F: Exato.

1851.
CW: Toda aula de Educação Artística minha era um briga com a [professora].
F: Vai dar mais detalhes ou me deixará imaginando-a atirando lápis de cor na tal da [professora], a qual eu imagino como sendo parecida com o
Leôncio do Pica-Pau?


.: POST SCRIPTUM :.

Eu não disse como, eventualmente, haveria uma correção da Crônica 1832? Deem uma olhadela na Crônica 1856.

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