quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crônicas da Minha Vida (194) + Devaneio



.: DEVANEIO :.


— Por que toda singela vez em que eu sonho com Você, Você está na pele do Morgan Freeman?
— Preferia que Eu estivesse na pele do George Michael?
— Não, eu não gosto tanto assim de Eli Stone.
— Era uma série legal, uma pena terem a cancelado.
— Não dá para Você usar os Seus superpoderes para fazê-la voltar ao ar?
— Não. As Minhas mãos estão atadas.
— Aquela história do livre arbítrio, não é?
— Exatamente. Não sei onde Eu estava com a cabeça quando inventei isso.
— Não foi uma das suas melhores invenções, Grande Cara.
— Eu sei, Eu sei. É uma coisa metafísica, então Eu não posso conjurar um dilúvio e refazê-la do nada.
— Bem, é como dizem por aí: Você está nos detalhes.
— Sim, sim.
— Sabe o que é engraçado?
— Você sonhar, ocasionalmente, Comigo apesar de não acreditar em Mim.
— Onisciência. Eu tinha me esquecido disso. Você tem todas as respostas. Ei, me diz uma coisa: é Você mesmo que está falando comigo, ou isso só é um sonho comum?
— Bem, depende. Um psicólogo diria que Eu sou apenas um fragmento da sua imaginação.
— Psicologia. Odeio.
— Eu também! Esses psicólogos vivem criticando a maneira como Eu tratei o Meu filho, dizem que Eu o deixei sair de casa muito cedo.
— Ah, não dê ouvidos a esses caras! Eles não sabem o que fazem.
— Adorei a piadinha.
— Eu sabia que Você ia pescá-la! Hah, hah!
— Então, como é que você está? Ainda tentando salvar o mundo?
— Na medida do possível, sim.
— Que bom, que bom. É legal saber que alguns de vocês ainda se importam.
— Obrigado. Ei, posso fazer uma pergunta?
— Desde que não tenha nada a ver com o sentido da vida ou com os números da Mega Sena, fique à vontade.
— Você sabe que eu não perguntarei sobre isso.
— Sim, mas se Eu agir como se soubesse de tudo, Eu estaria fazendo os dois lados da conversação e você sabe que isso seria um pé no saco.
— É. Seria um pé no saco mesmo. Enfim... O que eu quero saber é: 2012. Qual é a onda desse ano?
— Puro sensacionalismo. Todo ano tem o seu Apocalipse, a única diferença é que o de 2012 caiu na mídia mais cedo. Não perca seu tempo nem saltando para debaixo da mesa nem assistindo de novo ao filme. É um péssimo filme.
— Eu também não gostei muito. Senti pena do padrasto. Por que todo padrasto de filme morre?
— Por causa daquele besteirol de família feliz. As pessoas não entendem que uma família feliz não precisa, necessariamente, ser constituída por um pai, uma mãe e os seus filhos. Pode haver outras pessoas. Veja, por exemplo, a família do Meu filho! Ele nunca veio se queixar do padrasto, na verdade, gostava muito dele.
— Eu concordo em gênero, número e grau com Você nessa daí.
— Muito bem, é a Minha vez de perguntar.
— Vá em frente, Grande Cara.
— Como você pode Me negar tão intensamente na sua vida e Me aceitar de um jeito tão natural em seu sonho?
— Porque no mundo real Você é tão verdadeiro quanto um amigo imaginário enquanto que aqui, no meu sonho, Você faz parte da realidade do sonho, então aqui Você é real. Simples assim.
— Gostei da resposta. Não concordo com ela. Mas Eu gostei, sim.
— Obrigado!
— Ah, Eu assisti Dogma! Muito engraçado! Boa recomendação, rapaz. Gostei de o Kevin Smith ter apontado o fato de Eu não ter um sexo definido. Quem não ficou muito feliz em ser interpretado pelo Alan Rickman foi o Metatron. Ah! Ele reclamou por horas e horas! Eu tive de mandá-lo fechar a matraca.
— Eu gostaria de presenciar isso. Ei, falando no Metatron... Aquela coisa toda de a Sua voz ser potente demais para um ser humano escutá-la é verdade?
— É sim. Os seus miolos já teriam estourado se você estivesse escutando a Minha voz.
— Ora, então é a voz de quem que eu estou escutando?
— Do Morgan Freeman.
— Faz sentido.
— Se faz.
— Enfim, muitos planos pós-Apocalipse?
— Alguns. Eu tenho uma ideia interessante, dar uma mudada na Terra. Penso em colocar os marsupiais como espécie dominante.
— E nós, filhos de Adão, como ficamos?
— Em algum lugar mais abaixo na cadeia alimentar.
— OK, Você — tem — que — estar — brincando.
— Eu estou... Ou será que Eu não estou? Quem viver há de ver.
— Marsupiais, Grande Cara? Sério?
— Coalas são legais.
— E gambás? Gambás são fedidos.
— Alguns humanos também.
— Isso é verdade. Outro dia, por exemplo, eu fui fazer prova da UEPa, né, eu sentei na frente de uma menina que era LINDA de MORRER — um ótimo trabalho da sua parte —, fiz toda uma pose, né, daí comecei a fazer a prova e quando estava lendo uma questão de Química que envolvia o enxofre... ... ... ... Sinto aquele cheiro de ovo podre no ar.
— Eu rio MUITO das suas histórias!
— Sacanagem, Grande Cara, poderia tê-la feito sem esse defeito.
— E perder a chance de, anos mais tarde, escutar você Me contando esse fato? Não mesmo. Eu não dispenso uma boa risada.
— É sério é?
— É, pô. Por que você acha que Eu criei o ornitorrinco? Ri muito dos cientistas tentando desvendá-lo.
— Deve ter sido engraçado mesmo. Oh, está vendo! Nós somos engraçados! Os marsupiais não são, eles não O farão rir do mesmo jeito que a gente faz!
— Eles merecem uma chance. Todo mundo merece.
— Nós também!
— Eu já dei uma penca de chances para vocês!
— Tá certo, eu sei que a gente não aproveitou muito, mas, puxa... Nós podemos ser um grande povo, nós queremos ser. Tudo que nos falta é uma luz para mostrar o caminho certo. Não é por causa dessa nossa capacidade para o bem que Você nos enviou o Seu único filho?
— Eu sabia que tinha demorado demais na hora de pôr em você a inteligência e o carisma!
— Eu já acho que Você deveria ter demorado mais um pouco: cá entre nós dois, eu poderia ser muito mais sensacional.
— E no dia em que você parar de tentar trilhar o mesmo caminho que um homem morto, você será.
— Um dia, um dia. ... ... ... ... Tá, o que é essa claridade toda?
— É você acordando. Já são seis horas.
— O tempo voou!
— É o que acontece quando você faz algo divertido.
— Pode me dizer quando eu terei outro sonho alucinante que nem esse?
— Posso, mas qual seria a graça?
— Certo. Bem, até outra hora, Grande Cara. E, sério, nada de marsupiais! Marsupilame não era tão divertido assim!


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (194) :.

1850.
F: Certos brinquedos de criança me assustam: http://tinyurl.com/24jea9h.
CW: Nha, que lindo! Eu tinha essa imagem.
F: Não, o Johnny Depp é lindo (chame-me de gay saltitante, mas isso é inegável). Esse pônei de pelúcia, por outro lado, é bizarro.
CW: Adorei o pônei. (pausa de alguns instantes). Gay.

1849.
CW: Tava colocando legenda em The Karate Kid [remake] para minha mãe ver.
F: Filmaço. Melhor cena é a chinesinha dançando Poker Face.
CW: Não vi ainda.
F: OK, [me] desculpe pelo spoiler.
CW: (muitos risos).

1848.
F: Ela [Helena Bonham] é feia demais.
CW: Helena Bonham NÃO é feia porra nenhuma.
F: Ela é horrorosa.
CW: Não acho. Acho[-a] estilosa. E exótica.
F: As roupas que ela usa são legais, mas aquele rosto dela só me faz lembrar a Noiva Cadáver. Goticismo é legal quando a menina é linda. Você ficaria bem no estilo gótico, a Ellen Page também, Elena Satine idem e, puxa, qualquer mortal sabe que a Kate Beckinsale fica — nas palavras do meu vovô — um pitelzinho quando gótica.

1847.
CW: Minha vida é uma merda, não vou ficar me lamentando pelo óbvio.
F: (irônico) Ain’t you a sunshine, dear?

1846.
CW: Aí tinha uma crítica do palhaço do [José] Saramago ao Twitter.
F: Ah, Saramago nem era palhaço, um dos caras mais sérios da Modernidade. Literatura dele só é desagradável no modernismo exacerbado.
CW: Não concordo. Não vejo talento nenhum nele.
F: Ele tinha boas ideias, mas não sabia trabalhá-las. É como o George Lucas: os filmes são ótimos, mas a edição deles é um horror.

1845.
PV: (às 20 horas e 38 minutos) Volto daqui a pouco.
F: OK, grite quando voltar.
PV: (às 23 horas e cinco minutos) Voltei.
F: [Voltou] Quase uma vida depois. Eu já até me casei com a [censurado].

1844.
PV: Song of Storms não funciona aqui em Belém.
F: Na verdade, eu acho que tem algum desgraçado tocando-a por aqui.

1843.
F: Quero ver esse [ano de] 2012. Está programado no meu celular, despertará no dia 21 de dezembro de 2012: assim que eu escutar o despertador, me lanço para baixo da mesa.
PV: (dramático) Eu acho que não há mais nada que me prenda nesse mundo, logo eu estou conformado pra esperar esse fim.
F: É nesse momento em que você ergue a sua espada e vai confrontar o dragão?
PV: Não, não, a [minha ex-namorada] já sumiu... Ao menos isso (risos).
F: (convulsões de risos).

1842.
Lu: Ai, por que você faltou [o aniversário da sua cunhada]?
F: Porque eu estava com a garganta altamente inflamada.
Lu: Ah, entendo. Então não deu mesmo.
F: Pois é. Quer dizer, nunca eu perderia uma festa com piscina.
Lu: É, não rola MESMO.
F: É, é. Disseram que foi legal, madrugaram lá, tomaram banho de piscina, uma prima dela até gritou “Eu sou uma deusa de ouro” antes de saltar do trampolim.
Lu: MORRI [de rir]! DEUSA DE OURO!
F: Deusa de ouro. Totalmente Quase Famosos.

1841.
Lu: Ai, [eu] estou com sede.
F: Dê um grito para sua mãe [pegar água].
Lu: Ela não vai ouvir.
F: Sua irmãzinha, então.
Lu: Também não ouvirá.
F: Irmão?
Lu: Ele não está online.
F: Compre um pato e o treine para pegar água.
Lu: Boa ideia!
F: Eu estou cheio delas.

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