segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Crônicas da Minha Vida (177) + Devaneio



.: DEVANEIO :.


Eu a vejo entrando no ônibus e indo embora, esboço em meu rosto um sorriso discreto e penso em como esta é uma autêntica reviravolta do destino: aquela garota que há alguns meses não era nada além de parte do cenário agora está me fazendo derreter que nem manteiga na frigideira. OK, eu sei, essa — nem de longe — foi uma das minhas melhores metáforas, entretanto dá para você, pessoa desocupada que está lendo isso, compreender o que eu quero dizer.

Eu solto um suspiro, olho para cima, além das casas, dos prédios, dos anúncios e das luzes da cidade, o meu olhar alcança o pulsar das estrelas, tão distantes e tão apáticas ao que acontece na vida — na dele, na dela, e até mesmo na sua e na minha vida. Alguém poderia vir e discordar de mim, dizer que os acontecimentos de nossas vidas detêm de uma ligação direta com a posição das estrelas, uma afirmação muito arrogante, eu devo dizer. Afinal, qual é a lógica em atribuir um grande significado cósmico a um a simples evento terreno? Um acidente. É tudo um acidente.

Eu não a notei naquele dia porque o brilho da Estrela de Belém estava mais intenso do que o normal. Não, não. Eu a notei naquele dia porque, assim como o narrador sem nome de José de Alencar, eu me atrasei em cinco minutos — um ínfimo intervalo de tempo que me negou a entrada na sala de aula durante o primeiro horário, eu me sentei em um lugar qualquer do lado de fora, peguei um livro, Dom Quixote, para ler, daí ela, sentada à minha esquerda, fez um comentário que desencadeou uma conversa adorável entre nós. O tempo passou, a sineta tocou, nós nos levantamos e, para nossa surpresa, descobrimos estarmos indo para a mesma sala.

— Pensando bem, eu acho que já te vi lá dentro.

— Mas eu nunca te vi.

O rosto dela se transformou em um sorriso meigo.

— Talvez você apenas não estivesse olhando.

Eu sorri de volta e adentrei na sala determinado a tornar aquela pessoinha em uma parte da minha vida.

— É... Talvez eu apenas não estivesse olhando.

E essa é uma das maiores lições que você, pessoa desocupada, poderá aprender em sua vida: de vez em quando, você apenas não está olhando.


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (177) :.

1680.
*jantando*
F: Acho que a gente deveria brindar.
J(p): Ao absurdismo!
F: Apenas se estivermos falando do [Albert] Camus, ele é o melhor.
J(p): O [Samuel] Beckett também é.
F: Eu não sei, nunca li nada do Beckett.
Nh: Gente... Camus, Beckett, ahn?
F: OK, vamos brindar a algo universal e apreciado por todos... (ergue o copo) Ao Bruxo de Fogo!
Todos: Ao Bruxo de Fogo!

1679.
F: Ainda dá tempo de a gente sair para algum lugar.
J(p): Felipe, não dá, não. Tá muito tarde e a [censurado] ainda está “fantasiada” de estudante.
Nh: Eu trouxe uma [muda de] roupa aqui [na bolsa].
F: Isso me lembra: essa roupa [que você está usando] não é a mesma de hoje cedo?
Nh: É, é.
J(p): Credo, [censurado], você tá há quase um dia inteiro com a mesma roupa!
Nh: Eu tomei banho, tá.
F: Mas a roupa, não. Continua com todas as impurezas do dia.
Nh: Vocês estão sentindo algum cheiro ruim?
F: Não, mas apenas porque eu tenho um cheiro incrivelmente agradável (piscadela).

1678.
*assistindo Pulp Fiction*
F: (vira para o primo) Eu sou o Vincent [Vega].
J(p): Não. Eu já falei para a [censurado] que eu sou o Vincent.
Nh: É verdade.
F: (pensa por um instante) OK, então eu sou o Bruce Willis, o Butch Coolidge.
*alguns minutos depois*
Filme: (Butch Coolidge mata Vincent Vega usando uma submetralhadora).
F: (acerta o primo no meio do peito com uma “submetralhadora de mão”).
J(p): (owned).

1677.
CW: Tinha um gongolo imenso aqui agora, pensei que fosse uma cobra! Tive de ir acordar a mama pra tirar daqui.
F: (risos).
CW: Serião... Se fosse [um] [d]aqueles pequeninos, tudo bem, mas a única saída desse gigante era chamar a mama.

1676.
CW: http://tinyurl.com/24phjwm.
F: (irônico) Ah, então é isso que você vai tatuar em cima da [tua tatuagem de] estrela? Supimpa! Boa escolha!
CW: Não, não é isso. Só curti a tatuagem.
F: Foi uma brincadeira. Todo mundo sabe que a tua próxima tatuagem será um macaquinho.

1675.
Ba: Por que é que tem um roxão no teu braço, hein?
F: (cantando) A kiss with a fist is better than none.
Ba: Safadinho (risos).

1674.
*no Twitter*
F: Há muitas pessoas online no meu MSN, se eu continuar offline, eu poderei evitá-las.
J(p): Menos aqueles que têm Twitter. Mwhahahahah.
F: (owned).

1673.
J(p): Bruxo, a grande verdade do mundo [dessa vez] é: a parada não é para pônei, é para cavalo.
F: (complementando) De fogo.
Bruxo de Fogo: Rapidash?
F: Não, o original mesmo.

1672.
Bruxo de Fogo: Todo mundo trai.
F: Eu, não.
Bruxo de Fogo: Mas um dia vai trair.
F: Não mesmo.
Bruxo de Fogo: Claro que vai!
F: Quer apostar?
Bruxo de Fogo: Quero.
F: OK, aposto dez centavos como eu NUNCA vou trair na vida.
Bruxo de Fogo: Fechado.
*aperto de mãos*
Bruxo de Fogo: Ei, como eu vou te pagar se você vencer (o que NÃO vai acontecer)?
F: (pensa por um momento) Seguinte, quando minha vida SEM traição tiver chegado ao fim, você pega os dez centavos e joga no meu caixão, será um momento sensacional.

1671.
F: Foi o [Ernest] Hemingway quem disse “a melhor maneira de esquecer uma mulher é transformando-a em literatura”?
J(p): Não, pô. Foi o Oscar Wilde.
F: Não que ele tivesse como saber isso, né (risos).

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