sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (163) + Devaneio



.: DEVANEIO :.


Quando você é um menino e tem dez, onze anos, faz duas descobertas inusitadas: você tem um pênis e — quem diria! — aquela penca de filmes da Emmanuelle, incluindo aquele em que ela é uma ET, não foi feita para você apenas ficar olhando. E é então que você, menino, dá início a um ritual que durará pelo restante da vida. Meu primo certa vez comparou isso como um vício, “A partir da primeira vez, não tem como parar”, e, bem, eu imagino que não tenha mesmo, até porque — não obstante do seu estado marital — uma hora você há de se sentir solitário.

Mas, puxa, todo mundo sabe disso, não é? Pergunte a um monge tibetano, a uma freira, ao Papa, ao Dalai Lama, pergunte a qualquer um e esse qualquer te dirá que é um fato: meninos brincam com o próprio corpo. Então, ah, por que falar disso? É conhecimento geral! Ninguém se importa! Bem, cá minha resposta (e descoberta): as meninas também usam o corpo como um parque de diversões. Sim, sim. As meninas, as filhas de Adão e de Eva, aquelas que, como uma amiga minha, quando pegam o namorado jogando cinco contra um, fazem uma cara de desprezo e dizem “Que feio!”, ou “Que vergonha!” e até mesmo “Você não está grandinho demais para isso, hein?”.

Meninas exploram as suas cavernas. Sim, elas exploram, sim. Eu, pessoalmente, não vejo nada de errado com isso, considero até uma atitude saudável, não somente ajuda a eliminar o stress como serve de pré-preliminar para quando ela for sair com o namorado para jantar naquele restaurante chique e, mais tarde, mostrar o seu conhecimento de literatura indiana. Torno a dizer: eu acho saudável. Elas, no entanto, parecem ter uma opinião diferente. Sério, você, menino/garoto/homem/velho, já teve a coragem de perguntar para a sua parceira se ela, ah, “coloca o batom dentro da bolsinha”? Bem, eu já tive. Não perguntei para minha namorada, contudo para uma amiga: ela ficou toda corada, envergonhada, disse que não fazia esse tipo de coisa e mudou de assunto. OK, OK, eu sei quando estou sendo inconveniente, deixei aquilo para lá, era o melhor a fazer.

Não muito depois dessa tentativa de conversa, eu resolvi fazer uma visitinha a tal amiga (tínhamos uma amizade colorida na época), cheguei à residência dela, a empregada, única outra pessoa no lugar, me deixou entrar, daí subi a escadaria e, ah... Eu tenho um problema seriíssimo com portas: abro-as como o próprio Cosmo Kramer. Por sua vez, a porta do quarto dela também tinha um problema: não dava para trancá-la. Oh, bem, o que aconteceu? Eu abri a porta com tudo e, caramba, me deparei com uma cena que pretendo nunca esquecer!

Uma cena particularmente esclarecedora, eu devo dizer. Ela tinha um conjunto de discos do Barry White e de velas perfumadas: eu nunca a vi escutando Barry White e tampouco acendendo as velas, entretanto estas diminuíam de comprimento constantemente. Certo, vamos à minha reação:

I) Fiquei boquiaberto;
II) Memorizei a cena;
III) Comecei a rir;
IV) Falei: “Você pode encontrar brinquedos mais legais por aí, sabia?”.
V) Saí do quarto e fechei a porta. Porque o respeito é importante.

Ela se arrumou depressa, apagou as velas, desligou a música, abriu as cortinas, me puxou para dentro do quarto, empurrou-me na cama, ficou de pé na minha frente, fulminando-me com o olhar, a cara fechado, os braços cruzados e daí disse, com a maior cara de pau do mundo, o seguinte: “Eu senti uma coceirazinha. Só isso”.

Perdoe-me, caro Groucho Marx, porque eu ri mais com aquela frase do que com todo o Duck Soup.

Bem, eu não podia deixar a menina naquela situação. Fiquei de pé, desenhei o meu característico sorrisinho sacana no rosto, abracei-a, beijei-a na bochecha e parafraseei Woody Allen em Annie Hall, “Tudo bem, dona-menina. Não tem problema em fazer isso. É sexo com alguém que você ama”. Ela riu de um jeito embaraçado e se recusou terminantemente a falar comigo sobre aquilo. Oh, bem, acho que você não pode ganhar todas, certo?


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (163) :.


1540.
Fa(i): (toda empolgada) Ei, Felipe, olha o que eu aprendi: (toca o iniciozinho do tema do Titanic).
F: (olha para a irmãzinha bochechuda) Eu não ligo.

1539.
*flashback 2008*
F: Mãe, se a senhora tivesse me dito que eu teria de acordar às seis da madrugada para participar desse troço [Círio Fluvial], é óbvio que eu teria dito “não”.
Mãe: Foi isso que eu disse.
F: E o que eu disse?
Mãe: Você disse “não”.
F: Então por que eu tô aqui?
Mãe: Porque eu me aproveitei da tua patetice matinal e te trouxe mesmo assim.
F: OK, isso é errado.
Mãe: Viva com isso.

1538.
F: Ah, eu encontrei hoje no ônibus aquele idiota que ficou contigo.
Co: Eu só namorei/fiquei com idiotas, você vai ter de ser mais específico.
F: Ei, eu fiquei contigo!
Co: Exatamente o meu ponto.

1537.
F: E aí, só na manha da aranha (aprendi essa gíria hoje cedo, estou empolgado com ela)?
M: Suave na nave.
F: Ah, que legal, aprendi mais uma!

1536.
F: Aff, meu amigo acabou de soltar uma blasfêmia: disse que o Jet Li é melhor que o Jackie Chan.
CW: Isso é meio que óbvio né.
F: Você está morta para mim (por dez segundos).

1535.
CW: [Eu] acho que vou pintar o meu cabelo de um loiro poderoso. O que acha? Não um loiro “nada”, nem um loiro piriguetchy, mas um loiro poderoso.
F: Eu honestamente acho que não ia combinar com você, mas... Vá lá, o cabelo é teu. E, ah, eu creio que o único loiro poderoso no mundo seja o Dolph Lundgren (ele poderia destroçar o Hulk Hogan).

1534.
F: Nossos principais assuntos são: Gundams e mulheres.
PV: Temos que diversificar nossos assuntos, mas pensa: no começo era só Gundam, agora a coisa já evoluiu!
F: É verdade, é verdade. Nós também evoluímos, agora você é mais sarcástico, mais irônico, mais maligno, mais sacana, etc, etc, e eu sou... OK, eu não mudei nada. Desculpe por ter te corrompido, meu amigo.
PV: (rindo) FATO!

1533.
F: E aí, só na manha da aranha?
He: Porra... Sóóóóóó na manhota. Daqui a pouco, [eu] vou fazer algo que gosto muito.
F: Percebe que eu, automaticamente, pensei besteira, certo? Encontrar-se-á com alguma peituda de ancestralidade nipônica?
He: Fora o “nipônica”, sim.
F: Muito bem, quem é a peituda da vez?
He: É uma doida que eu conheci faz dois dias.
F: Muito veloz da tua parte, hein.
He: (risos) Tudo graças ao celular na Assistência [Técnica]. Fuck yeah!
F: Ahn? Como assim?
He: Assim, anteontem eu fui à Assistência ver meu celular que deixei lá dia 08/06, aí descobri que mesmo nesse intervalo de tempo enorme, ele ainda não tava pronto, me disseram “Vem amanhã que tá pronto”, aí fui lá pegar ontem, então vi uma branquinha peituda sentada na fila pra pegar os celulares, sentei-me ao lado dela, que era a última da fila, e então disse “Tenso, deixei meu celular aqui dia oito e ainda não tá pronto” e ela disse “Puxa, o meu deixei no começo do mês e agora que vim buscar”, então eu disse “Mas o meu foi dia oito... De junho”, ela riu, eu ri, aí continuamos conversando... E descobri que ela gosta de rock... E ama Led Zeppelin e AC/DC e Black Sabbath... E toca baixo. E eu disse que gostava dessas bandas e amava baixo... E que também toca[va] baixo, então porventura ficamos no [Y.] Yamada Plaza comendo pizza e conversando e rindo. Final da hóstia: ficamos. E eu vou a casa dela hoje... Ver o baixo dela (piscadela).
F: (rindo) OK, permissão para cronicar isso, por favor!
He: Permitido.
F: Thank you!
He: De nada… Mas por que cronicar a história?
F: Porque eu a achei engraçada. E porque eu preciso colocar alguém tão safado, senão mais, quanto eu no blog para me livrar dessa fama de Homo safadus.

1532.
Fa(i): Mãe, eu quero que a senhora faça um horário [de estudo] para mim.
Mãe: Não dá, eu não sei qual é o teu horário [de aula].
Fa(i): Tudo bem, eu também não sei [qual é].
F: (pasmo) OK, isso é errado. Muito errado. Sério.

1531.
Capa de um livro: Você é o que você come.
F: (pasmo) Eu sou uma mulher?

0 comentários:

Postar um comentário