quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (161) + Devaneio



.: DEVANEIO :.



Há algum tempo — dois ou três meses, não sei ao certo —, eu conheci uma garota, ela é muito inteligente e eu adoro conversar com ela, não somente pelo fato de ser divertida, mas também porque ela é uma das pessoas desse planetinha azul que consegue me fazer esboçar um sorriso amarelo, lançar um olhar sacana e dizer “Ora, mas não é que você tem razão!”.

Isso aconteceu quando certa vez estávamos conversando sobre televisão, eu, como um autêntico groucho-marxista, disse que “a televisão é um instrumento sensacional para promover a inteligência: toda vez que a ligam aqui em casa, saio do cômodo e vou ler um livro”, ela, por sua vez, disse algo como “Eu consigo assistir qualquer programa ridículo da Rede TV ou da vadia da Márcia da BAND e continuar com as minhas opiniões”. Para mim, esse comentário dela foi simplesmente fantástico. Repito: FANTÁSTICO. Até senti uma pontada de inveja por nunca ter pensado nisso antes.

Constantemente eu vejo as pessoas, incluindo minha mamãe, reclamando que hoje em dia só se vê violência e filmes de sexo na tevê, que as novelas estão dando maus exemplos, que não há mais espaço para os costumes familiares, etc, etc, em outras palavras, as pessoas estão dizendo sem parar que a televisão está arruinando a próxima geração. Um dia, eu concordaria com isso. Agora, eu discordo plenamente. O ponto é: a televisão é um negócio e não é um órgão de cunho educador financiado pelo Governo, para adquirir dinheiro e continuar existindo, os canais têm de colocar em sua grade de exibição aquilo que o povo quer ver: violência e filmes de sexo (dentre outros). Não faz sentido culpar a decadência dos valores morais na televisão, não mesmo, até porque a educação de verdade começa em casa com o pai, a mãe, o avô, a avó, o tio, a tia e, puxa, até mesmo a assistente doméstica do lar puxando a orelha do Joãozinho e da Maria e dizendo que isso é errado por isso e aquilo.

Ainda que tenhamos alguma ancestralidade em comum com os símios, nós da espécie Homo sapiens somos criaturas civilizadas, não é porque vemos uma cena de estupro na tevê que, repentinamente, julgaremos aquilo como sendo correto, àquela história de “macaco vê, macaco faz” é inteiramente inaplicável à nossa raça, por isso não dá para engolir esse argumento conformista, irresponsável e alienado de que a televisão é a principal causa dos problemas da sociedade moderna. Pela primeira vez em minha vida, eu digo: Julius Henry Marx... Groucho Marx, eu sinto dizer que o senhor — e, por extensão, eu — foi muito infeliz com essa sua paraprodoskian.


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (161) :.


1520.
Co: Caramba! Olha a hora!

F: Seis da madrugada! Uh, caramba!
Co: Papai vai me matar se me vir pendurada aqui no computador!
F: Mamãe vai me encher a paciência até o fim dos tempos!
Co: Ah, bom dia e tchau?
F: Bom dia, moça. Durma bem. Sonhe com coelhinhos felpudos e gatinhos. Beijos.
Co: Bom dia, mano. Durma bem também. Sonhe com... Sei lá, sonhe que você veio de Krypton, ou algo assim. Beijos. E, ah...
F: Eu conheço esse “E, ah...”, oh, boy, esse “E, ah...” nunca antecede algo bom!
Co: Você pode dizer aquilo de novo?
F: Aquilo o quê?
Co: Aquilo.
F: Criatura, eu não durmo há mais de dez horas! Meu raciocínio não está lá muito bom, dá pra ser mais específica, por favor?
Co: Aquilo que você me disse antes de eu ir embora...
F: Ah, sim... (pausa) “Amor” é uma palavra muito fraca para definir o que eu sinto por você — eu te “armur”, sabe, eu te “avere”, eu te “ammumu”, sim, três vezes a letra “M” e eu também te “squidun” (esse é novo). Até o dia em que eu finalmente encontrar a menina branquinha de cabelos pretos e camisa vermelha do Ramones, você é a única mulher da minha vida.
Co: Eu também te “squidun”. Beijos. Amo-te.

1519.
F: Que legal, acabei de descobrir que uma amiga tua está me seguindo.
CW: Quem?
F: Essa dona-menina aqui: [censurado].
CW: Ah, a [censurado]... Ela é legal, inteligente.
F: E, aparentemente, de bom gosto. Exceto, é claro, por seguir o Serguei Rock, isso é tenso.
CW: Eu curto o Serguei.
F: Tudo bem, ninguém é perfeito.
CW: (risos).

1518.
M: Será que ela [ex-namorada do seu amigo] sentiu algo [quando sentou no seu colo]?
F: (rindo) Olha, se ela sentiu, eu não sei, mas, ah, estava com um sorrisão depois que eu a empurrei.
M: (risos) No mínimo, eu ia gritar: “Porra, de pau duro?! Me respeita, rapá!”.
F: Daí eu soltaria algo como “Pra vir outro e te desrespeitar? Não mesmo!”.
M: (risos) Adorei a resposta. Parabéns. Você acaba de ganhar uma estrelinha por conseguir [dar] uma resposta ao meu nível.
F: Cuidado, se continuar a me dar estrelinhas, o céu ficará sem constelações.

1517.
F: Eu proponho um brinde aos términos traumáticos que nos fazem sair para o bar e fazer coisas que normalmente não faríamos, incluindo acordar no outro dia com um coiote feio do teu lado!
Tu: Coyote Ulgy é um dos filmes mais legais que eu já vi na vida.
F: Sim, sim, nada como ver a Piper Perabo dançando em cima de um balcão com a Izabella Miko e a Bridget Moynahan.
Tu: E jogando um balde de gelo na cabeça dos carinhas safadinhos que pegavam elas pelo pé, MAS ENTÃO...
F: (risos).

1516.
F: Ah, se lembra da lista dos quarenta e sete nomes?
Ju: Não, que lista.
F: A lista do número de meninas que eu, uh, você sabe, antes de poder namorar de novo.
Ju: Ah, sim! O que que tem?
F: Pois é, só faltam doze meninas.
Ju: (espantada) Isso é tudo por causa da [censurado]?
F: Sim, sim. Gosto muito dela.

1515.
Lo: (bêbada) L — i — p — e.
F: (pensamento) Ah, merda!
Lo: Oi.
F: Oi, oi.
Lo: (me agarra e me dá um beijo de língua na boca) Tchau, Lipe!
F: (rindo que nem um idiota) Ah, tchau!

1514.
J(ex-nT): (sentada no meu colo).
Ar: Vocês já ficaram hoje?
F: (imediatamente) Deus, não! Não, não! (bate no peito) “Manos antes de minas”.

1513.
Professor: O que vocês estão vendo aqui?
Todos: 74.
Professor: Certo. E que letra vocês estão vendo?
Todos: (silêncio profundo).
Professor: (rindo) Brincadeira, gente, não tem letra nenhuma! Todo mundo aqui é normal.
J(p): (baixinho) Filho da puta!
F: (rindo) Eu achei MUITA graça.

1512.
F: [Irmãzinha bochechuda], qual é região do norte do subcontinente indiano que hoje é dividida entre a Índia, o Paquistão e a China?
Fa(i): Caxemira?
F: (cantando) Oh, let the sun beat down upon my face!

1511.
Ju: Você está dando em cima de qual menina?
F: Daquela ali com o namorado (aponta).
Ju: Ei, não! Ele [o namorado dela] é meu amigo!
F: Quem é mais teu amigo, eu ou ele?
Ju: Você...
F: (rindo) Então... Larga de mão e me ajuda, mana!


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