quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (158) + Devaneio



.: DEVANEIO :.



Em algum momento, você, homem (ou lésbica), se encontrou na seguinte situação: está saindo com uma garota, às coisas estão fluindo de acordo com os conformes, o papo é legal, vocês estão sentados um perto do outro, ela toca no teu braço, você mexe no cabelo dela, há umas risadas aqui, ali e acolá e de repente ela diz algo como “Eu odeio mentiras” ou “Eu gosto de pessoas sinceras”. E você, homem (ou lésbica), acredita nessa história ou por ingenuidade, ou por inexperiência, ou por acreditar do fundo do coração que, meu Deus, essa moça é diferente das outras. Bem, ela não é e escolher acreditar nessa coisa de “uma verdade inconveniente é melhor que uma mentira doce” é algo tão inteligente quanto avistar um campo minado em Angola e correr diretamente em direção ao mesmo.

Mulheres não querem sinceridade. Não mesmo. Mulheres querem a mentira. Tanto é que estão mentindo ao dizer que querem a sinceridade. Qual é! Você, pessoa, foi abençoado pela evolução com matéria cinzenta, use-a! Acha mesmo que uma mulher gostaria de ouvir sobre como aquela blusa asa de morcego é a coisa mais horrível do mundo? Pior ainda, que a melhor amiga dela é convidada ocasionalmente para os sonhos que te fazem ter de trocar o lençol no outro dia de manhã? Sério, que mulher te faria um cafuné na cabeça e te daria um biscoito Scooby por você ter sido sincero e dito “É, amor, você engordou uns quilinhos, acho que está na hora de começar uma dieta”. Não faz sentido acreditar nesse tipo de coisa!

Alternativamente, você, homem (ou lésbica), se coloque no lugar da moça, pense e me diga: ficaria feliz se ela te contasse que não, não curte Star Wars, que, tirando o Orlando Bloom, O Senhor dos Anéis é apenas um filme de homens fedidos e que John McClane, o cara do Duro de Matar (o quarto filme não conta!), não é o maior herói de ação de todos os tempos? Ah, por favor! Nós precisamos mentir! É saudável! Faz bem para o relacionamento, te impede de entrar em situações desconfortáveis, ajuda o mundo a continuar girando e, caramba, ainda pode te garantir que a namorada te dê uma recompensa sensacional por você ter ficado ao lado dela, que estava de pijama, no shopping “sem sentir uma gota de vergonha”!


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (158) :.


1490.
*depois de um dia fatigante*
F: (exausto) Oi, pai.
Pai: Felipe, pega aquele pedido, acrescenta seis [unidades] de laranja e de maracujá, anexa para o [censurado], diz para acusar recebimento e depois me chama para ver como ficou tudo.
F: (sorriso amarelo) “Oi, meu filho, e aí como foi à aula? Reencontrou todo mundo? Conheceu gente nova?”.
Pai: Eu perguntei tudo isso.
F: Em um universo paralelo, sim.

1489.
F: Sim, eu ainda não entendi porque a [minha irmãzinha] está de castigo.
Mãe: Porque ela tirou notas HORRÍVEIS.
Fa(i): Mãe, a senhora sabe como é, eu sempre tiro notas ruins no início do ano e melhoro depois, ainda mais que tem os pontos do Art Sophos.
F: Sabe, irmãzinha bochechuda, eu pensei que eu era estúpido, imbecil e ignorante porque fiquei três anos em Recuperação para ajudar o povo [a ser aprovado na Recuperação], mas, caramba (risos) você acabou de me superar na estupidez, imbecilidade e ignorância. (ergue o copo) Em brinde a você!

1488.
Am: (assistindo One Tree Hill).
F: (olhando fixadamente para ela).
Am: (percebe estar sendo observada) Você está me imaginando nua, né?
F: Sim, sim.
Am: Não tem vergonha de falar isso na cara dura, hein?
F: Não, não.
Am: Por que não?
F: (fazendo a cara perfeita) Porque você está fazendo a mesma coisa.
Am: (corada) OK, é verdade (risinho).

1487.
Fa(i): Ele [o cachorro] tá no cio.
F: Todos [nós] estamos.
Fa(i): Não. Pessoas não têm cio.
F: Isso vai ser um choque para você, irmãzinha, mas todo menino fica no cio a partir dos doze anos.

1486.
Co: Sabe qual é o seu problema? Você é muito indiferente com a tua própria vida.
F: Eu não ligo.
Co: (risos).

1485.
R(p): (põe para tocar Vermilion, Part II).
F: Não dá pra tirar essa música? Más lembranças.
R(p): Quem é a menina?
F: Não é uma menina, é um vício mesmo.

1484.
F: OK, com toda sinceridade desse órgão sensacional divido em dois hemisférios que te faz ter pensamentos ainda mais sensacionais e, em certas ocasiões, bastante safados, diga-me, alguma vez eu te fiz se sentir estúpida?
Co: Toda santa vez em que você vê algo que te surpreende e começa a brincar de cientista maluco.
F: Desculpe, desculpe.
Co: Tudo bem, quando você faz isso, desvio o assunto para o Jean-Paul Sartre.
F: Eu nunca entendi A República do Silêncio.
Co: (risos) Exatamente.

1483.
F: Você está surpreendentemente triste, meu amigo. O que aconteceu? Se convenceu que aquele cara da lanchonete não é o Milton Santos disfarçado?
Ca: Não. Se eu te falar, promete que não põe no blog?
F: Não me faça pedidos impossíveis e eu não terei de mentir.
Ca: Certo. A [minha namorada] resolveu — como eu posso dizer isso? Ah! — apimentar as coisas e, e, e, e...
*alguns minutos mais tarde*
F: (no telefone) Satanás, escute as palavras de alguém te ama e que ama o teu namorado: nunca, nunca, nunca, nunca, nunca, nunca enfie o dedo na região onde o Sol não bate de um homem sem avisar! É errado e muitos de nós odiamos.
Ba: (rindo) Nem o mindinho?
F: Nem a ponta da unha!

1482.
F: Eu te amo, você sabe disso, né?
Co: Sei.
F: Casa comigo?
Co: Não.
F: Mas por quê?
Co: Porque você me largaria no segundo em que visse a menina branquinha, blá, blá, blá. O mesmo porque de sempre.
F: Você é branquinha, você tem cabelo preto, você quer fazer Direito!
Co: E eu odeio Ramones e já te vi quando acorda de manhã cedo, nunca me acostumaria com essa visão.
F: (rindo) OK, isso foi um golpe baixo.

1481.
F: Eu acho que ela acha que eu sou um idiota.
Co: Ah, por quê?
F: Porque eu ajo como um idiota quando estou falando com ela.
Co: Você age como um idiota quando está falando com todo mundo.
F: É, eu sei, mas daí eu sou um idiota engraçado, com ela sou um idiota-idiota.
Co: Um idiota-idiota?
F: É, um idiota-idiota.
Co: (sarcástica) Seus neologismos sempre me fascinam.
F: Thank you.

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