terça-feira, 31 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (165) + Devaneio



.: DEVANEIO :.



Eu gostaria de tirar um momento para admirar o trabalho da evolução: foi uma longa trajetória da sopa primordial até a sopa instantânea. Libertamo-nos dos mares, conquistamos a terra, dominamos o céu e agora esticamos nossas mãos em direção ao espaço.

Muito aconteceu, muito mudou e pouco restou para evidenciar essa sensacional jornada da evolução, vide as varandas de prédio. As varandas, assim como nosso “adorado” apêndice, é um vestígio do uma época diferente, uma época na qual não havia nem MSN nem Orkut, em que o gráfico do Super Nintendo era algo revolucionário, onde as crianças brincavam nas ruas ao invés de nos computadores, até porque computadores eram raríssimos, celulares eram objetos de ricos e só faziam chamadas, mandar mensagem era coisa de ficção científica, e, por sua vez, era divertido ficar sentado na varanda, observando o movimento das pessoas na rua.

Muito aconteceu, muito mudou e pouco restou para evidenciar essa sensacional jornada da evolução, vide as varandas de prédio, resquícios da minha infância, apêndice dos edifícios, hoje em dia muita gente já se esqueceu de sua função e, no futuro, muita gente nem desconfiará de tal função. Não demorará muito para que as varandas, como o pássaro Dodô (ou dronte), entrem em extinção, aqui mesmo por minha cidade há alguns prédios que carecem desse órgão anteriormente vital e muito comum nas construções mais antigas.

É desse modo que a evolução trabalha: alterando constantemente a nossa constituição com intuito de nos melhor adaptar para o habit ao nosso redor, por consequência, nós fazemos o mesmo com nossas construções, nossas vestimentas, nossas necessidades. Eu acho que isso é uma ação positiva, afinal, a estagnação é o primeiro passo em direção à extinção da espécie, no entanto eu devo admitir também que sentirei falta das varandas, pedaço da minha infância, apesar de eu morrer de medo de altura e, de uns tempos para cá, morrer de medo de estar em uma varanda do sétimo andar e, repentinamente, me descobrir na varanda do sexto andar.


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (165) :.


1560.
Co: (na webcam) Por que você está com esse olhar culpado?
F: Esse não é um olhar culpado, é um olhar de sono, acabei de acordar.
Co: Não... Tem uma pontada de sono aí, mas o olhar é de culpa. Desembucha e me diz o que você foi?
F: (suspiro) Sonhei que eu fazia coisas erradas de um jeito para lá de safado com a namorada de uma pessoa muito querida e importante para mim.
Co: E daí? Foi um sonho. Não tem porque se sentir culpado. Todo mundo tem fantasias!
F: (sorriso de pierrô) O que eu posso dizer? Sou tão leal e certinho que até um sonho assim me deixa culpado.

1559.
Pa: Ah, noivo, você vive me prometendo almoços e jantares e não paga nada. Não dá ao menos para me levar ao cinema?
F: Não dá, noiva. Veja bem: eu estudo de manhã e você trabalha à noite, não tem horário para eu te levar ao cinema.
Pa: De tarde!
F: (ownado) Não era para você ter pensado nisso...

1558.
*marcando de sair*
F: [censurado], seis horas [da tarde] no... (pausa) Disfarça! Nove horas [da noite] no Old School Rock Bar nessa sexta-feira.
Pa: (desconfiada) Noivo, o que você tem marcado para às seis horas que te fez se confundir?
F: (risos) Ah, noiva, não me faça perguntas e eu não te direi mentiras.
Ln: Credo! Sexo às seis horas de uma sexta-feira! Eu nem acordei nesse horário ainda.
F: Pois é, né, cara, a gente tem que aproveitar as oportunidades de fazer safadeza que tem né. Não dá para escolher o horário.

1557.
Fa(i): (falando muito alto).
P(p): (falando mais alto ainda).
F: Eu não era tão escandaloso assim quanto tinha quinze, dezesseis, dezessete anos.
Mãe: Não. Você ainda é tão escandaloso assim, outro dia mesmo estava soltando gritos de comemoração aí no corredor!

1556.
Y(p): Gosto de segurar [a mulher] pelo cabelo, dar tapa na bunda.
F: Ah, puxar cabelo nem conta, é normal até.
Y(p): Mas puxão forte.
F: Do tipo que arranca fios de cabelo?
Y(p): (risos) Do tipo que a cabeça da menina vem para trás e ela grita de prazer.
F: Espasmo, orgasmo. Há quem diga que é tudo a mesma coisa.

1555.
Y(p): Feministas são ruins. Não gostam de apanhar no sexo.
F: Tá aí uma coisa que eu só faço quando a menina diz que curte S&M, não gosto de bater, tenho medo de machucar [a menina], sou muito bruto. O que, por sinal, é culpa tua: nossas brigas de quando éramos pequenos me transformou em um viking!

1554.
M: Ei, dia 6 [de setembro] é o Dia do Sexo. Tá ligado?
F: Sim, sim, sim. Estou até procurando com quem comemorar (assovio).
M: (risos) Acha-se. Eu vou querer comemorar, mas tá foda fazer a Sandy por uns tempos, apesar do [censurado] já saber de minha safadeza, eu tô me controlando.
F: Não tá querendo intimidar o menino com a tua, ah, experiência?
M: Como assim?
F: “Experiência” aqui foi usada como um eufemismo para “safadeza”.
M: (risos) Digamos que [eu] aquela quarta[-feira] já o intimidei. Acho que ele tem medo do meu “fogo” e, bom, a gente se provoca saudavelmente.
F: (interrompendo) Eu ri do “fogo”.
M: (continuando) Eu disse a ele que eu tenho muito fogo, e com ele queria esperar e tal... E, tipo, como ele é calmo, tá de boa... Acho que vou segurar mais um pouco...
F: Se a nossa vida fosse um sitcom — e algum dia será —, a câmera cortaria para mostrar o [censurado] ou subindo pelas paredes do quarto, ou tomando um banho gelado. Bem, como o clima está frio, eu apostaria no banho gelado.
M: O que você acha [que eu devo fazer]? Eu ri pensando no sitcom.
F: Pois é, o meu primo vive dizendo que eu deveria fazer um piloto baseado na minha vida e, por sua vez, nas pessoas que fazem parte dela e então postar no YouTube, fala que seria um sucesso. E sim, você devia segurar [a safadeza], enlouqueça-o.
M: Já te disse que [você] vê as coisas diferentemente e as põe no papel do mesmo jeito.
F: Yeah, I do have an awesome vision of the world <= em inglês para mostrar quão incrível é a minha visão do mundo.
M: Soou mais maneiro.
F: Eu sei! Incrível como certas coisas soam mais legais em inglês!

1553.
Y(p):
A [Lei] Maria da Penha já tem jurisprudência para homem também.
F: Sim, eu sei, me falaram até que há um projeto para criar uma lei análoga à Maria da Penha para nós, contudo... Se eu colocasse isso lá, não poderia dizer que pwnei a minha amiga, né? Daí o texto perderia seu sentido.

1552.
F: O pior erro que você pode cometer, meu amigo, é pensar que você é o cara mais esperto no lugar.
Ca: Só tá eu e o meu cachorro aqui no quarto.
F: Eu não subestimaria o Satan Goss, ele não tem esse nome à toa.

1551.
F: Ei, você pensa em outros caras quando está fazendo safadeza com o [censurado]?
Ba: Teu amigo já foi tantos caras diferentes que quando a safadeza termina, eu olho para ele e fico boquiaberta, “Era o [censurado] enfiando na minha bolsinha? Porra! E eu crente que era o Hugh Jackman!”.


domingo, 29 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (164) + Devaneio



.: DEVANEIO :.



Eu tenho uma amiga (de várias) que, recentemente, adotou o feminismo. Ela queimou o sutiã, começou a idolatrar a Josephina Álvares de Azevedo, queria até pouco tempo se mudar para Manaus para ser uma amazona (entendeu o trocadilho?), agora fala “Por Hera” ao invés de “Meu Deus”, “Nem o Superman poderia fazer isso!” virou “Mulher Maravilha faria isso com um braço atrás das costas” e, repentinamente, ela criou um ódio profundo e mortal para com a Marilyn Monroe.

OK, nada contra, na verdade, até fico feliz que ela tenha parado de usar sutiã. Há algo, no entanto, que me incomoda intensamente: ela é por inteira a favor da Lei Maria da Penha. Eu, honestamente, creio que TODO MUNDO tenha ciência do que é instituído por tal lei, todavia... Aqui vai, de qualquer jeito, um pequenino resumo: se você bate em uma mulher e é pego em flagrante, não tem outra, prisão perpétua.

Pois então, isso é completamente antagônico ao feminismo, afinal, todo esse movimento social não é baseado no pensamento de que o homem e a mulher, a mulher e o homem devem ter o mesmíssimo tratamento? Não deveria haver igualdade entre homem e mulher, mulher e homem? Então, ora, como alguém que diz apoiar o feminismo pode, ao mesmo tempo, apoiar também a Lei Maria da Penha? Quer dizer, não há nada tão desigual no Código Penal brasileiro quanto à lei número 11.340 — acredite em mim quando digo isso, eu não somente li aquele livro gigantesco como também conversei com advogados e estudantes de Direito antes de dizer tal coisa.

Eu, pessoalmente, não concordo com a Lei Maria da Penha, não inteiramente. Creio que deveria haver uma lei análoga para defender nós, homens, afinal, com um revólver na mão, ou aproveitando uma oportunidade, qualquer mulher pode causar o mesmo dano que qualquer homem, então, caramba, por que nós não temos uma lei do tipo protegendo-nos? Mas, enfim, esse pensamento, que ocorre a mim durante uma viagem de ônibus (sempre de ônibus, né) de volta para casa, não tem como objetivo discutir a minha opinião acerca da bendita lei instituída no dia 22 de setembro de 2006. Não, não, não. O objetivo aqui é usar toda a minha capacidade intelectual para me possibilitar dizer o seguinte para essa minha amiga: “Pwned”. Mission Accomplished.


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (164) :.

1550.
Ma: Cientista, você tem que ser espontâneo.
F: Não, mano, eu tenho que ser controlado para que vocês possam ser espontâneos.

1549.
F: Ah, merda, você fez eu me lembrar da vez em que fiz aquela pergunta maldita aos meus pais: “Papai, mamãe... Como eu nasci?”.
My: Já fiz isso também. E recebi a resposta: “Um dia você descobre”. Pois é (risos).
F: Eu gostaria de ter recebido essa resposta.
My: Recebeu a dura verdade?
F: Começou mais ou menos assim: “A tua mãe prendeu as minhas pernas no sofá da casa da tua avó...”. E eu nunca mais sentei naquele sofá.

1548.
My: Sim, ao lado de uma boa companhia, qualquer lugar vira um lugar fantástico. OK, quase todo (risos).
F: É, quase todo: não há companhia que faça um baile funk ficar fantástico.
My: Concordo. Mas um showzinho de rock com qualquer companhia vira um lugar maravilhoso! (risos) Taque-me pedras, mas acho bem legal.
F: Ah, nada contra showzinho de rock, pode ser até o Fiuk, o importante é a companhia ser boa, as lembranças também e, no final, da noite você ir para casa pensando “Eu beijei ela, eu abracei ela, eu fiz safadeza com ela. Yep. Foi uma ótima noite para a gente”.
My: (risos).

1547.
M: Rapaz, olha isso: http://tinyurl.com/32ah5e3.
F: Muito obrigado por me mandar uma foto em que dá pra ver os pelos pubianos dela [Scarlett Johansson].
M: Não vi.
F: Preste [muita] atenção e, se necessário, dê um zoom.
M: (pasma) Rapaz!
F: Viu?
M: Aham (risos).
F: [A] Foto já está salva tanto no meu HD quanto no meu cérebro.
M: Punhetinha mais tarde, hein.
F: (sem perder a pose²) Ei, eu sou bom no sexo porque pratico bastante no meu tempo livre (piscadela).

1546.
F: Mas então, o que achou do devaneio dessa postagem? Está bem fácil de entender que o texto é sobre masturbação?
M: Está bem fácil.
F: Amém. Pensei em fazer esse texto depois que meu amigo confessou que estava brincando de cinco contra um e a namorada o pegou no flagra: foi muito hilário [depois] ELA me contando o episódio. Isso [namoro] me lembra: como está o [teu namorado]?
M: Ahn, masturbação te lembra ao [meu namorado]? (risos) Que coisa mais gay! Tô rachando [de rir] aqui (risos)!
F: (sem perder a pose) Ei, ele é gatchenho, tá. Mexe com os meus hormônios.

1545.
M: Vê se essa te agrada: (manda a foto de uma amiga).
F: Ah, bonitinha. Qual é o nome da Mônica (eufemismo aceitável para “dentuça”)?
M: (risos) Ela faz bem sucesso entre os meninos do [meu] grupo por ser a virgenzinha, sabe? Eu também não acho ela TUDO isso, mas ela é gente boa e os meninos têm interesse nela.
F: Peraí, peraí, essa dona-menina, que chamarei de Mônica até você me disser o nome dela, é virgem mesmo?
M: [censurado]. É, virgem-virgem.
F: Virgem-virgem? Donzela? Não é nem semivirgem nem tem um hímen complacente?
M: Donzelona mesmo. Tipo, digamos que, no máximo, passaram a mão no peito dela.
F: Eu não acredito nisso! Sério, eu só acredito vendo!
M: Ela é virgem-virgem, [os] meninos querem muito corrompê-la.
F: Não me apresente a ela, ou então vai dar merda.
M: Tá, eu não te apresentarei.
F: OK, não era pra você levar a sério isso de não apresentá-la. Muitíssimo pelo contrário.

1544.
M: Hoje estou com espírito de português.
F: Eu, sinceramente, não sei o que isso quer dizer.

1543.
PV: Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance, o que eu não fiz em todas as outras vezes, nas vezes que eu fiquei quieto, achando que a garota que eu gostava tava com o cara certo.
F: O problema é quando a garota ESTÁ com o cara certo.
PV: De acordo com a [censurado], elas NUNCA estão.
F: Eu já conheci uma garota que estava com o cara certo. Ou melhor, que ainda está com ele.
PV: E a quem cabe decidir isso?
F: A garota, ora.
PV: Será mesmo? Ficar com um cara que só a faz mal e só a faz sofrer e ela não consegue largar ele é mesmo saber que é o cara certo?
F: Apesar de tudo, pode ser o cara certo para ela, entende? Não é uma questão de “X” faz bem, “Y” faz mal, “Z” não é nada. Não é objetivo, é altamente subjetivo: há uma pessoa especial para cada um.

1542.
PV: Sinto pena do namorado dela [minha ex-namorada]. Pobre garoto.
F: Pobre coitado... (pausa) Troca de lugar com ele se está com pena.
PV: NUNCA (risos)!
F: Cronicado!
PV: Só você pra me fazer rir numa hora dessas!
F: Eu tenho um pendor natural para isso.

1541.
F: É legal ficar apenas deitado na grama, agarrado na menina, olhando o céu, curtindo o momento e rezando para que aquele tiozinho maltrapilho, que não para de olhar para cá, seja vesgo e não esteja se preparando para nos assaltar.
B(nT): Querido, o problema é que para nós [eu e o teu amigo messiânico], não tem grama nem lua, tem o sofá da minha casa e um tubo de KY.
F: Por favor, diga que não é aquele sofá em que você estava dormindo no dia do teu aniversário.
B(nT): (rindo) É...
F: Pô, cunhadinha, como é que você me deixa sentar em cima da gala divina? E se eu engravido?


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (163) + Devaneio



.: DEVANEIO :.


Quando você é um menino e tem dez, onze anos, faz duas descobertas inusitadas: você tem um pênis e — quem diria! — aquela penca de filmes da Emmanuelle, incluindo aquele em que ela é uma ET, não foi feita para você apenas ficar olhando. E é então que você, menino, dá início a um ritual que durará pelo restante da vida. Meu primo certa vez comparou isso como um vício, “A partir da primeira vez, não tem como parar”, e, bem, eu imagino que não tenha mesmo, até porque — não obstante do seu estado marital — uma hora você há de se sentir solitário.

Mas, puxa, todo mundo sabe disso, não é? Pergunte a um monge tibetano, a uma freira, ao Papa, ao Dalai Lama, pergunte a qualquer um e esse qualquer te dirá que é um fato: meninos brincam com o próprio corpo. Então, ah, por que falar disso? É conhecimento geral! Ninguém se importa! Bem, cá minha resposta (e descoberta): as meninas também usam o corpo como um parque de diversões. Sim, sim. As meninas, as filhas de Adão e de Eva, aquelas que, como uma amiga minha, quando pegam o namorado jogando cinco contra um, fazem uma cara de desprezo e dizem “Que feio!”, ou “Que vergonha!” e até mesmo “Você não está grandinho demais para isso, hein?”.

Meninas exploram as suas cavernas. Sim, elas exploram, sim. Eu, pessoalmente, não vejo nada de errado com isso, considero até uma atitude saudável, não somente ajuda a eliminar o stress como serve de pré-preliminar para quando ela for sair com o namorado para jantar naquele restaurante chique e, mais tarde, mostrar o seu conhecimento de literatura indiana. Torno a dizer: eu acho saudável. Elas, no entanto, parecem ter uma opinião diferente. Sério, você, menino/garoto/homem/velho, já teve a coragem de perguntar para a sua parceira se ela, ah, “coloca o batom dentro da bolsinha”? Bem, eu já tive. Não perguntei para minha namorada, contudo para uma amiga: ela ficou toda corada, envergonhada, disse que não fazia esse tipo de coisa e mudou de assunto. OK, OK, eu sei quando estou sendo inconveniente, deixei aquilo para lá, era o melhor a fazer.

Não muito depois dessa tentativa de conversa, eu resolvi fazer uma visitinha a tal amiga (tínhamos uma amizade colorida na época), cheguei à residência dela, a empregada, única outra pessoa no lugar, me deixou entrar, daí subi a escadaria e, ah... Eu tenho um problema seriíssimo com portas: abro-as como o próprio Cosmo Kramer. Por sua vez, a porta do quarto dela também tinha um problema: não dava para trancá-la. Oh, bem, o que aconteceu? Eu abri a porta com tudo e, caramba, me deparei com uma cena que pretendo nunca esquecer!

Uma cena particularmente esclarecedora, eu devo dizer. Ela tinha um conjunto de discos do Barry White e de velas perfumadas: eu nunca a vi escutando Barry White e tampouco acendendo as velas, entretanto estas diminuíam de comprimento constantemente. Certo, vamos à minha reação:

I) Fiquei boquiaberto;
II) Memorizei a cena;
III) Comecei a rir;
IV) Falei: “Você pode encontrar brinquedos mais legais por aí, sabia?”.
V) Saí do quarto e fechei a porta. Porque o respeito é importante.

Ela se arrumou depressa, apagou as velas, desligou a música, abriu as cortinas, me puxou para dentro do quarto, empurrou-me na cama, ficou de pé na minha frente, fulminando-me com o olhar, a cara fechado, os braços cruzados e daí disse, com a maior cara de pau do mundo, o seguinte: “Eu senti uma coceirazinha. Só isso”.

Perdoe-me, caro Groucho Marx, porque eu ri mais com aquela frase do que com todo o Duck Soup.

Bem, eu não podia deixar a menina naquela situação. Fiquei de pé, desenhei o meu característico sorrisinho sacana no rosto, abracei-a, beijei-a na bochecha e parafraseei Woody Allen em Annie Hall, “Tudo bem, dona-menina. Não tem problema em fazer isso. É sexo com alguém que você ama”. Ela riu de um jeito embaraçado e se recusou terminantemente a falar comigo sobre aquilo. Oh, bem, acho que você não pode ganhar todas, certo?


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (163) :.


1540.
Fa(i): (toda empolgada) Ei, Felipe, olha o que eu aprendi: (toca o iniciozinho do tema do Titanic).
F: (olha para a irmãzinha bochechuda) Eu não ligo.

1539.
*flashback 2008*
F: Mãe, se a senhora tivesse me dito que eu teria de acordar às seis da madrugada para participar desse troço [Círio Fluvial], é óbvio que eu teria dito “não”.
Mãe: Foi isso que eu disse.
F: E o que eu disse?
Mãe: Você disse “não”.
F: Então por que eu tô aqui?
Mãe: Porque eu me aproveitei da tua patetice matinal e te trouxe mesmo assim.
F: OK, isso é errado.
Mãe: Viva com isso.

1538.
F: Ah, eu encontrei hoje no ônibus aquele idiota que ficou contigo.
Co: Eu só namorei/fiquei com idiotas, você vai ter de ser mais específico.
F: Ei, eu fiquei contigo!
Co: Exatamente o meu ponto.

1537.
F: E aí, só na manha da aranha (aprendi essa gíria hoje cedo, estou empolgado com ela)?
M: Suave na nave.
F: Ah, que legal, aprendi mais uma!

1536.
F: Aff, meu amigo acabou de soltar uma blasfêmia: disse que o Jet Li é melhor que o Jackie Chan.
CW: Isso é meio que óbvio né.
F: Você está morta para mim (por dez segundos).

1535.
CW: [Eu] acho que vou pintar o meu cabelo de um loiro poderoso. O que acha? Não um loiro “nada”, nem um loiro piriguetchy, mas um loiro poderoso.
F: Eu honestamente acho que não ia combinar com você, mas... Vá lá, o cabelo é teu. E, ah, eu creio que o único loiro poderoso no mundo seja o Dolph Lundgren (ele poderia destroçar o Hulk Hogan).

1534.
F: Nossos principais assuntos são: Gundams e mulheres.
PV: Temos que diversificar nossos assuntos, mas pensa: no começo era só Gundam, agora a coisa já evoluiu!
F: É verdade, é verdade. Nós também evoluímos, agora você é mais sarcástico, mais irônico, mais maligno, mais sacana, etc, etc, e eu sou... OK, eu não mudei nada. Desculpe por ter te corrompido, meu amigo.
PV: (rindo) FATO!

1533.
F: E aí, só na manha da aranha?
He: Porra... Sóóóóóó na manhota. Daqui a pouco, [eu] vou fazer algo que gosto muito.
F: Percebe que eu, automaticamente, pensei besteira, certo? Encontrar-se-á com alguma peituda de ancestralidade nipônica?
He: Fora o “nipônica”, sim.
F: Muito bem, quem é a peituda da vez?
He: É uma doida que eu conheci faz dois dias.
F: Muito veloz da tua parte, hein.
He: (risos) Tudo graças ao celular na Assistência [Técnica]. Fuck yeah!
F: Ahn? Como assim?
He: Assim, anteontem eu fui à Assistência ver meu celular que deixei lá dia 08/06, aí descobri que mesmo nesse intervalo de tempo enorme, ele ainda não tava pronto, me disseram “Vem amanhã que tá pronto”, aí fui lá pegar ontem, então vi uma branquinha peituda sentada na fila pra pegar os celulares, sentei-me ao lado dela, que era a última da fila, e então disse “Tenso, deixei meu celular aqui dia oito e ainda não tá pronto” e ela disse “Puxa, o meu deixei no começo do mês e agora que vim buscar”, então eu disse “Mas o meu foi dia oito... De junho”, ela riu, eu ri, aí continuamos conversando... E descobri que ela gosta de rock... E ama Led Zeppelin e AC/DC e Black Sabbath... E toca baixo. E eu disse que gostava dessas bandas e amava baixo... E que também toca[va] baixo, então porventura ficamos no [Y.] Yamada Plaza comendo pizza e conversando e rindo. Final da hóstia: ficamos. E eu vou a casa dela hoje... Ver o baixo dela (piscadela).
F: (rindo) OK, permissão para cronicar isso, por favor!
He: Permitido.
F: Thank you!
He: De nada… Mas por que cronicar a história?
F: Porque eu a achei engraçada. E porque eu preciso colocar alguém tão safado, senão mais, quanto eu no blog para me livrar dessa fama de Homo safadus.

1532.
Fa(i): Mãe, eu quero que a senhora faça um horário [de estudo] para mim.
Mãe: Não dá, eu não sei qual é o teu horário [de aula].
Fa(i): Tudo bem, eu também não sei [qual é].
F: (pasmo) OK, isso é errado. Muito errado. Sério.

1531.
Capa de um livro: Você é o que você come.
F: (pasmo) Eu sou uma mulher?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (162) + O Dia do 'Fail' + Devaneio



.: DEVANEIO :.


Eu sou míope e diabético, portanto, sim, eu passo muito tempo dentro de consultórios médicos, outro dia, por exemplo, fui a uma clínica ocular para fazer uma retinografia, eu sei que, apesar de estar lá no nome; algumas pessoas NÃO fazem a menor ideia do que diabo é uma retinografia, por isso, vou explicar: é uma foto (“grafia”) da retina ocular (“retino”). Fácil, não é? É, é, muito fácil.

Então, eu fui lá à clínica ocular tirar a bendita foto da bendita retina, tudo bem, é um processo indolor e rápido, não demora nem dez minutos, o que demora é ser atendido pelo médico, ah, mas isso demora bastante! Para você ter uma ideia, caro leitor desocupado, por um momento eu pensei ter entrado no prédio errado, pensei estar em alguma sede do SUS, ou algo do tipo, porque, caramba, o lugar estava abarrotado de gente! Parecia um formigueiro! OK, um formigueiro de formigas da terceira idade e seus acompanhantes, contudo ainda assim um formigueiro. Minha reação imediata? Girar nos calcanhares e sair dali, infelizmente, eu fui pego pelo colarinho da camisa pela minha mamãe, que me arrastou para dentro do consultório e me atirou de peito no balcão da recepção.

É como dizem, né, “Se está no inferno, abraça o capeta”, entreguei a minha carteirinha da UNIMED e o papel do exame para o recepcionista, ele grampeou os documentos e os colocou no fundo de uma pilha de papeis que parecia o próprio Empire State Building em relação ao tamanho. Primeiro senti uma ligeira vertigem (no sentido médico, não no figuro), depois bebi uns copinhos d’água e comecei a reclamar, a soltar comentários irônicos e sarcásticos e, puxa, deu resultado! Minhas reclamações fizeram-me subir alguns níveis na pilha, agora só tinham 978 pessoas na minha frente.

Botei o meu dedinho no leitor biométrico, guardei minha carteirinha e fui me sentar. Legal, as coisas estavam melhorando, afinal, agora eu estava sentado. Certo? Errado! Em toda minha sorte, eu acabei me sentando ao lado de três personagens típicos de consultório médico: o velhinho que está esperando uma oportunidade para contar toda a história de sua vida, a velhinha que tem medo de tudo relacionado à Medicina e acha que o filho é o Rei da Cocada Preta e aquela tiazona experiente de seus quarenta e poucos anos, ela já viu de tudo e conhece de tudo, pergunte o que quiser para ela e ela há de te responder, se não quiser perguntar, tudo bem, ela te responderá mesmo assim, quer dizer, não é como se você tivesse uma escolha ou algo do tipo.

Para minha felicidade, o velhinho ficou conversando com outro velhinho e a velhinha encontrou companhia na tiazona experiente, assim fiquei sozinho, calado, quietinho no meu canto e amaldiçoando a dona-senhora que aplicou aquele colírio ardente no meu olho — uma injustiça da minha parte, ela apenas está cumprindo o trabalho dela, não deveria tê-la xingado (ainda que em pensamento) de “vaca”, “rameira”, “macaca assanhada”, etc, etc, quer dizer, eu pretendo ser um ortopedista no futuro, quebrarei ossos para ganhar o meu dinheirinho, não tenho o direito de reclamar, não.

Como minha posição tornava impossível para eu assistir a TV Globinho, eu tive de procurar outra forma de me distrair e então comecei a pensar, uma coisa terrível, devo dizer, até cito o Rei Arthur em O Cavaleiro Imperfeito, “Não deixe ninguém te ensinar a pensar, Lance[lot]: é a maldição do mundo”. E, caramba, eu sou amaldiçoado. Penso muito. O tempo todo. Papai diz que eu seria rico caso pudesse ganhar dinheiro pensando em besteiras.


Pois bem, eu pensei. Eu pensei em como um paciente (substantivo) tem de ser muito paciente (adjetivo), especialmente quando se está em uma clínica onde você é a única pessoa cuja idade é inferior a mil anos, veja bem, talvez para se vingar das reclamações, o Satanás do recepcionista me colocou como último a ser atendido. É, o último. Sabe aquelas vinte e duas pessoas em que eu pensei ter passado a perna? Pois é, não passei a perna, não. Pelo contrário, alguém passou a perna em mim, precisamente uma velhinha de postura tão encurvada que era simplesmente incrível que seu nariz não arrastasse no chão. Por favor, não me entenda mal, eu não tenho qualquer preconceito com a terceira idade, meu avô tinha mais de sessenta anos quando eu o conheci e, puxa, só Deus sabe como eu adorava aquele homem.

Enfim, eu fiquei por último, e isso apenas intensificou a irritação: era meio-dia, eu estava com fome, meus olhos ardiam, as costas doíam e quando eu finalmente consegui ficar em uma posição que me possibilitava assistir televisão, o “maledeto” do recepcionista inventou de mudar o canal para a Boa Vontade TV. Deu-me uma vontade quase incontrolável de soltar um palavrão e xingar a criatura, quer dizer, quem assiste à Boa Vontade TV de boa vontade, hein? Felizmente, o médico abriu a portinha, chamou pelo meu nome, fiquei de pé, tropecei na bengala de uma velhinha que estava a esperar por seu filho, entrei na sala do exame, deixei que tirassem uma fotografia da minha adorável retina, marquei o retorno e fui para casa.

Moral da história, você me pergunta? Médicos vão para o Céu, enfermeiras nem sempre são bonitas e recepcionistas são mais filhos da puta que aqueles vendedores de telemarketing.


.: O Dia do 'Fail' :.
Parte I ~ Parte II ~ Parte III ~ Parte IV ~ Parte V ~ Parte VI ~ Parte VII ~ Parte VIII


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (162) :.


1530.
F: Você está com aquele olhar.
Ca: Que olhar?
F: Aquele olhar que diz “Eu me ferrei”.
Ca: Sinto te dizer que você tá errado.
F: Eu te conheço há quase dez anos, vamos, desembucha.
Ca: (olhar irrequieto) Tá, tá. Eu te conto.
F: E eu, como teu amigo, aviso logo: vai para o blog.
Ca: (suspiro) Ela me pegou.
F: Ela quem? Te pegou, como assim?
Ca: Ela, [minha namorada], me pegou.
F: Melhor dar detalhes acerca do “me pegou”.
Ca: Ela me pegou fazendo aquilo.
F: Definitivamente, esse teu “aquilo” não é o “aquilo” da [censurado]. Então, o que é esse teu “aquilo”?
Ca: (todo errado) Aquilo. Você sabe.
F: Aquilo o quê...? (epifânia) Aquilo! Aquilo?
Ca: Aquilo.
F: (convulsões de risos).

1529.
Ba: Seu amigo está me irritando.
F: Meu amigo, teu namorado?
Ba: É, é. Ele não larga do meu pé. Eu nem posso mais fazer as unhas sozinha! Se você quer estar lá no dia do nosso casamento, dá um jeito de distraí-lo.
F: Bem, eu acho que posso ir a casa dele nesse fim de semana e espancá-lo no videogame.
Ba: Não, porque aí ele ficará triste e me alugará no telefone por horas.
F: Situação difícil.
Ba: Muito!

1528.
Tm: Minha Internet é que nem namorada: você gasta um dinheiro com ela, mas ela só dá quando quer... Pronto. Já foi minha cota de piadinha sem graça machista hoje.
F: (rindo) Ei, a piadinha foi engraçada, eu ri.

1527.
*flashback*
F: Me diz uma coisa, eu já te disse que te acho MUITO linda?
B: (constrangida) Eu tenho namorado.
F: Que triste. Mas isso não te deixa menos linda, apenas inacessível. Por enquanto.
B: (risos).

1526.
F: Eu fiz uma descoberta sensacional: acontece que o teu nome não é uma permutação acidental do “A” e do “O” em Caroline, mas uma variação de Cornélia, “dama romana”.
Co: Certo. Posso te citar?
F: Claro.
Co: Eu não ligo.

1525.
Co: Eu estou com ódio do [censurado].
F: Você tem todo direito de estar com ódio do [censurado].
Co: Eu estou com ódio de você também.
F: Você não tem direito de estar com ódio de mim também.

1524.
Pa: (subnick) Égua, aquele trocinho tá me arranhando.
F: Que trocinho, noiva?
Pa: O aramezinho do aparelho.
F: Ah, colocou aparelho é?
Pa: Não lembra, não?
F: Não.
Pa: Choquei! No seu niver, eu já tava de aparelho.
F: Ah, é que quando eu olho para você, me perco na beleza dos teus olhos, por isso ainda não tinha notado.
Pa: Que lindo! Tá perdoado.
F: Pensamento rápido: salvando-me de enrascadas desde 1990.

1523.
CW: (no Twitter) Seriously, Alejandro, stop calling [Lady] Gaga. I think she’s made pretty clear. She’s not interested in and, frankly, you can do better.
F: (rindo e pensando) I lol’d at this!

1522.
He: Sua vida mais parece um filme pornô regado a cinismo e a partes autênticas de sarcasmo.
F: Quem me dera, cara! Certa vez escrevi um conto falando da minha vida sexual e tentei vendê-lo para uma editora, de tão inocente que era, pegaram-no e transformaram-no em um joguinho de quebra-cabeça para crianças de menos de sete anos!

1521.
Co: Eu já mencionei alguma vez que a tua vida é: niilismo, cinismo, narcisismo, sarcasmo e orgasmo?
F: Esse não era o slogan do [Nicolas] Sarkozy?


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Crônicas da Minha Vida (161) + Devaneio



.: DEVANEIO :.



Há algum tempo — dois ou três meses, não sei ao certo —, eu conheci uma garota, ela é muito inteligente e eu adoro conversar com ela, não somente pelo fato de ser divertida, mas também porque ela é uma das pessoas desse planetinha azul que consegue me fazer esboçar um sorriso amarelo, lançar um olhar sacana e dizer “Ora, mas não é que você tem razão!”.

Isso aconteceu quando certa vez estávamos conversando sobre televisão, eu, como um autêntico groucho-marxista, disse que “a televisão é um instrumento sensacional para promover a inteligência: toda vez que a ligam aqui em casa, saio do cômodo e vou ler um livro”, ela, por sua vez, disse algo como “Eu consigo assistir qualquer programa ridículo da Rede TV ou da vadia da Márcia da BAND e continuar com as minhas opiniões”. Para mim, esse comentário dela foi simplesmente fantástico. Repito: FANTÁSTICO. Até senti uma pontada de inveja por nunca ter pensado nisso antes.

Constantemente eu vejo as pessoas, incluindo minha mamãe, reclamando que hoje em dia só se vê violência e filmes de sexo na tevê, que as novelas estão dando maus exemplos, que não há mais espaço para os costumes familiares, etc, etc, em outras palavras, as pessoas estão dizendo sem parar que a televisão está arruinando a próxima geração. Um dia, eu concordaria com isso. Agora, eu discordo plenamente. O ponto é: a televisão é um negócio e não é um órgão de cunho educador financiado pelo Governo, para adquirir dinheiro e continuar existindo, os canais têm de colocar em sua grade de exibição aquilo que o povo quer ver: violência e filmes de sexo (dentre outros). Não faz sentido culpar a decadência dos valores morais na televisão, não mesmo, até porque a educação de verdade começa em casa com o pai, a mãe, o avô, a avó, o tio, a tia e, puxa, até mesmo a assistente doméstica do lar puxando a orelha do Joãozinho e da Maria e dizendo que isso é errado por isso e aquilo.

Ainda que tenhamos alguma ancestralidade em comum com os símios, nós da espécie Homo sapiens somos criaturas civilizadas, não é porque vemos uma cena de estupro na tevê que, repentinamente, julgaremos aquilo como sendo correto, àquela história de “macaco vê, macaco faz” é inteiramente inaplicável à nossa raça, por isso não dá para engolir esse argumento conformista, irresponsável e alienado de que a televisão é a principal causa dos problemas da sociedade moderna. Pela primeira vez em minha vida, eu digo: Julius Henry Marx... Groucho Marx, eu sinto dizer que o senhor — e, por extensão, eu — foi muito infeliz com essa sua paraprodoskian.


.: CRÔNICAS DA MINHA VIDA (161) :.


1520.
Co: Caramba! Olha a hora!

F: Seis da madrugada! Uh, caramba!
Co: Papai vai me matar se me vir pendurada aqui no computador!
F: Mamãe vai me encher a paciência até o fim dos tempos!
Co: Ah, bom dia e tchau?
F: Bom dia, moça. Durma bem. Sonhe com coelhinhos felpudos e gatinhos. Beijos.
Co: Bom dia, mano. Durma bem também. Sonhe com... Sei lá, sonhe que você veio de Krypton, ou algo assim. Beijos. E, ah...
F: Eu conheço esse “E, ah...”, oh, boy, esse “E, ah...” nunca antecede algo bom!
Co: Você pode dizer aquilo de novo?
F: Aquilo o quê?
Co: Aquilo.
F: Criatura, eu não durmo há mais de dez horas! Meu raciocínio não está lá muito bom, dá pra ser mais específica, por favor?
Co: Aquilo que você me disse antes de eu ir embora...
F: Ah, sim... (pausa) “Amor” é uma palavra muito fraca para definir o que eu sinto por você — eu te “armur”, sabe, eu te “avere”, eu te “ammumu”, sim, três vezes a letra “M” e eu também te “squidun” (esse é novo). Até o dia em que eu finalmente encontrar a menina branquinha de cabelos pretos e camisa vermelha do Ramones, você é a única mulher da minha vida.
Co: Eu também te “squidun”. Beijos. Amo-te.

1519.
F: Que legal, acabei de descobrir que uma amiga tua está me seguindo.
CW: Quem?
F: Essa dona-menina aqui: [censurado].
CW: Ah, a [censurado]... Ela é legal, inteligente.
F: E, aparentemente, de bom gosto. Exceto, é claro, por seguir o Serguei Rock, isso é tenso.
CW: Eu curto o Serguei.
F: Tudo bem, ninguém é perfeito.
CW: (risos).

1518.
M: Será que ela [ex-namorada do seu amigo] sentiu algo [quando sentou no seu colo]?
F: (rindo) Olha, se ela sentiu, eu não sei, mas, ah, estava com um sorrisão depois que eu a empurrei.
M: (risos) No mínimo, eu ia gritar: “Porra, de pau duro?! Me respeita, rapá!”.
F: Daí eu soltaria algo como “Pra vir outro e te desrespeitar? Não mesmo!”.
M: (risos) Adorei a resposta. Parabéns. Você acaba de ganhar uma estrelinha por conseguir [dar] uma resposta ao meu nível.
F: Cuidado, se continuar a me dar estrelinhas, o céu ficará sem constelações.

1517.
F: Eu proponho um brinde aos términos traumáticos que nos fazem sair para o bar e fazer coisas que normalmente não faríamos, incluindo acordar no outro dia com um coiote feio do teu lado!
Tu: Coyote Ulgy é um dos filmes mais legais que eu já vi na vida.
F: Sim, sim, nada como ver a Piper Perabo dançando em cima de um balcão com a Izabella Miko e a Bridget Moynahan.
Tu: E jogando um balde de gelo na cabeça dos carinhas safadinhos que pegavam elas pelo pé, MAS ENTÃO...
F: (risos).

1516.
F: Ah, se lembra da lista dos quarenta e sete nomes?
Ju: Não, que lista.
F: A lista do número de meninas que eu, uh, você sabe, antes de poder namorar de novo.
Ju: Ah, sim! O que que tem?
F: Pois é, só faltam doze meninas.
Ju: (espantada) Isso é tudo por causa da [censurado]?
F: Sim, sim. Gosto muito dela.

1515.
Lo: (bêbada) L — i — p — e.
F: (pensamento) Ah, merda!
Lo: Oi.
F: Oi, oi.
Lo: (me agarra e me dá um beijo de língua na boca) Tchau, Lipe!
F: (rindo que nem um idiota) Ah, tchau!

1514.
J(ex-nT): (sentada no meu colo).
Ar: Vocês já ficaram hoje?
F: (imediatamente) Deus, não! Não, não! (bate no peito) “Manos antes de minas”.

1513.
Professor: O que vocês estão vendo aqui?
Todos: 74.
Professor: Certo. E que letra vocês estão vendo?
Todos: (silêncio profundo).
Professor: (rindo) Brincadeira, gente, não tem letra nenhuma! Todo mundo aqui é normal.
J(p): (baixinho) Filho da puta!
F: (rindo) Eu achei MUITA graça.

1512.
F: [Irmãzinha bochechuda], qual é região do norte do subcontinente indiano que hoje é dividida entre a Índia, o Paquistão e a China?
Fa(i): Caxemira?
F: (cantando) Oh, let the sun beat down upon my face!

1511.
Ju: Você está dando em cima de qual menina?
F: Daquela ali com o namorado (aponta).
Ju: Ei, não! Ele [o namorado dela] é meu amigo!
F: Quem é mais teu amigo, eu ou ele?
Ju: Você...
F: (rindo) Então... Larga de mão e me ajuda, mana!


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Apenas um devaneio qualquer



Apenas um devaneio qualquer



Eu não tenho carro, logo o transporte coletivo é a minha principal forma de locomoção, portanto, não é uma grande surpresa que outro dia eu estava voltando do cursinho de ônibus, paguei a minha passagem — um absurdo de tão cara! —, sentei naquele assento mais alto, pus o meu fone de ouvido e estava a ponto de me perder na melodia de Janis Joplin quando, do nada, minha atenção é desviada pela menina que ocupou o lugar ao meu lado: deveria ter dezesseis, ou dezessete anos, cabeleira preta presa em um rabo de cavalo, uniforme do Teorema e uma bolsa gigante e para lá de chamativa de onde ela, pasme, tirou um objetivo retangular — um livro!

Eu, por um momento, fiquei com os olhinhos brilhando de tamanha emoção — e como não poderia? Afinal, era uma menina bonitinha e que, aparentemente, sabia ler! —, contudo é como dizem por aí “felicidade de pobre dura pouco” e, no meu caso, deve ter durado menos de um attossegundo (um bilionésimo de um bilionésimo de um segundo): o livro retirado por ela era nada mais, nada menos que Eclipse, um escrito da Stephanie Meyer.

No primeiro instante, eu brochei, meu bonequinho se encolheu que nem uma tartaruga assustada, depois eu me desatei a rir ao me lembrar de um amigo dizendo que “o único jeito de ter uma mulher linda e inteligente é construindo uma”, e então eu pensei: por que ela está lendo Eclipse, da Stephanie Meyer, enquanto eu estou lendo A Microfísica do Poder, de Michel Focault? Por que livros de vampiros bonzinhos estão fazendo mais sucesso do que livros como, por exemplo, A Revolução dos Bichos, de George Orwell? Por que foi necessário que a Rede Globo fizesse uma minissérie para que as pessoas se lembrassem do sofrimento de Capitu e da paranoia de Bentinho? Bem, eu me arrisco a dar uma resposta.

Edward Cullen é aquele cara bonitão que esperou quase dois séculos para finalmente conhecer “a garota certa” e com ela perder sua virgindade, ele é um Príncipe Encantado ao passo que Bentinho é, mesmo em sua idade adulta, o menino inseguro, ciumento e falho, o qual deixou escapar o amor da sua vida por acreditar — sem nunca ter confirmado nada — que ela estava a traí-lo com seu melhor amigo, Escobar. Bentinho é humano, ele é real. E é aí que jaz o segredo do sucesso dos vampiros que brilham diante da irradiação solar: não há uma gota de realidade em sua concepção.

As pessoas de hoje em dia, homens e mulheres, clamam pelo irreal, pela fantasia, estão saturadas de viver na realidade, de acordar todos os dias vendo notícias desastrosas no telejornal, de escutar sobre ataques terroristas aqui, ali e acolá, de ler profecias falando do Fim do Mundo.

As pessoas, principalmente as de menor idade, não aguentam mais isso. Não querem saber disso. Então, o que fazem? Põem de lado os escritos de Jean-Paul Sartre e pegam para ler as peripécias de Edward Cullen, de Serena van der Woodsen, de Stefan Salvatore, etc, etc...

Eu, pessoalmente, não vejo sentido nessa fuga da realidade, porque não obstante do quanto você tente fugir, do quanto você tente fazer com que sua vida tenha um quê de semelhança com o livro, não mudará que, nalgum momento, você terá de fechar o volume e daí retornar para a vida real, para a realidade, aquele lugar que, como dito por Woody Allen, pode ser chato, mas continua sendo o único lugar onde você pode comer um bom bife.