quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Fim de Ano 2009

Outro dia um amigo me pediu para descrever como esse último ano tinha sido para mim, diante da pergunta, só pude pensar numa palavra: “comitrágico”, o que não é uma palavra, então tratei de me corrigir ao responder dizendo “tragicômico”, o termo correto. Em seguida, nossa amiga, sem entender, me indagou a razão daquela réplica, uma vez que para ela — cujo mundo é inteiramente preto-e-branco — não há como nada ser trágico e cômico, ou é um, ou é outro, eu esbocei o meu conhecido sorriso abobado no rosto e, com uma paciência que causaria inveja no pobre Jó, expliquei a minha resposta.
No começo desse ano, eu não sei passei na Guerra do Vestibular (vestibulandos de primeira viagem, por favor, não se enganem — é uma guerra, aceitem), fato que pode ser tido tanto como infeliz quanto feliz dependendo do ângulo de visão, afinal, todo o conjunto de acontecimentos posteriores é uma consequência de eu não ter passado.
E qual foi esse conjunto? Bem, relatarei nas próximas linhas.
Para início de conversa, realizei um sonho antigo de estudar junto do meu primo, por causa de nossa formação cultural similar, conseguimos ter uma boa conversa com facilidade, o que foi um ótimo refúgio durante algumas aulas irritantes, dentre elas, a da professora cujo trato marcante é falar com a lâmpada durante o ensino do conteúdo — sério, eu teria lançado uma cadeira em cima da pobre coitada caso estivesse privado da companhia do meu primo e do meu MP4.
Paralelamente, houve minha relação um tanto quanto conturbada com R, menina que é conhecida por mim desde o meu Convênio e a qual eu teria transformado em minha namorada naquela época se não tivesse respeitado a lei do “eu vi (ou pedi) primeiro” com a qual convivo desde criança.
Depois de muito esforço e da possibilidade de ser espancado por um “simpático” com quase o dobro do meu tamanho — o namorado de R —, eu finalmente tive minha chance com a menina dos meus sonhos, vivemos um dia de conto de fadas e muita felicidade... Daí veio à realidade e estragou tudo. Curiosamente, ela me confessou naquele ótimo dia que tinha uma queda por mim há dois anos — poético, não? Ela me amou no passado, eu a amei no presente, que puxa! Parece que nós fomos separados pelo tempo, menina-problema.
Tendo o coração estilhaçado em mil pedaços, eu me transformei no que minha melhor amiga descreveu como “errático e enfático, problemático e maquiavélico, enigmático e frígido, carismático e puro (no sentido de bondade)”, pessoalmente, eu discordo, sou altruísta demais para ser uma boa pessoa, quanto ao restante, estou feliz de assim ser descrito — é um enorme avanço desde o adolescente incorrigivelmente romântico do passado.
E foi assim que terminou o primeiro semestre, o ato inicial dessa tragicomédia.
O segundo, e último, ato tem seu início, logicamente, no segundo semestre letivo de 2009, período em que contei com a companhia de mais um primo, o qual eu, afetivamente, chamo de primo mangalóide. Diferentemente de mim e do nosso primo em comum, essa criatura mangalóide é um cara de pau entrosado — qualidade invejada por mim —, sendo assim, ele conseguiu transformar nossa tríade em um hepteto de amizade, o qual faz com que as minhas manhãs sejam, particularmente, divertidas, em alguns momentos, sinto como se estivesse retornado ao meu antigo colégio — é como estar outra vez cercado, diariamente, por aqueles oito estúpidos, loucos, dramáticos, incorrigíveis, desprovidos de bom-senso e um tanto quanto amorais que eu considero como meus manos, meus irmãos de outras mães e pais.
Quanto à vida amorosa... Eu ainda estou estilhaçado, desiludido em demasia para ter uma relação duradoura, me contento com pequeninos casos aqui, ali e acolá enquanto tento encontrar a coragem de ansiar pela “coisa real”, uma relação de verdade assim como a que meu mano messiânico, o qual passou por uma situação parecida, esta envolvido atualmente, fico muito feliz por ele. Há, no entanto, pessoas cujo objetivo parece ser me arrumar uma namorada, alguns tentam me empurrar para uma amiga de longa data, outros procuram me apresentar a outras garotas que possam me interessar genuinamente e uma pessoa em particular encontrou, ou melhor, tropeçou em uma garota, a qual tem uma descrição idêntica a da profecia feita pela vidente/cartomante/bruxa/adivinha com quem a minha amiga Co fez eu me consultar a dois anos.
E esse foi o meu ano. Um ano tragicômico. Eu derramei lágrimas e soltei gargalhadas, em alguns momentos — como quando minha irmãzinha bochechuda me acordou no meio da noite para perguntar se o Jimi Hendrix estava morto — ao mesmo tempo. Nem tudo me fez infeliz, nem tudo me fez feliz. Foi um ano acinzentado, tão acinzentado quanto a minha visão de mundo, há sempre quem discorde — tudo bem — contudo não há como mudar esse meu pensamento.
Depois de escutar minha explicação, a amiga em questão resolveu me atentar com mais uma perguntazinha: “Se você pudesse viajar no tempo, mudaria alguma coisa?”.
Eu pensei e pensei e pensei para somente então verbalizar minha resposta, “Sim, sim”.
— E o que você mudaria? — ela perguntou.
— Eu não teria baixado a discografia do His Infernal Majesty (HIM) — respondi. — É uma bandazinha nojenta!

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